quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Conto: O Artesão de Natal

O Artesão de Natal 
Jandeilson Bezerra




A muitos séculos atrás existia uma família do outro lado do mundo que não se preparava para o Natal, eles nem sabiam o que era o espirito natalino. É bem verdade que uma família simples, que não tem dinheiro para gastar em compras e presentes desconheça o Natal e o espirito natalino como é conhecido. 
 
O chefe dessa família, seu Nélson, era um homem simples e humilde, estava passando por diversas dificuldades, sequer tinha dinheiro para comprar alimentos, havia sido despedido de seu emprego um pouco antes do Natal.  Mesmo não tendo dinheiro, não tendo o que comer, a esperança não se dissipava dos olhos daquela pequena família.  Elisabete, era assim que se chamava a esposa, era uma mulher de muita fé, e lá estava ela ajoelhada pedindo a Deus que abençoasse seu marido e seu filho, que não lhes deixasse acabar a felicidade e a vontade de viver. 


Na aldeia onde eles moravam havia um homem muito misericordioso, ele buscava sempre ajudar os mais necessitados com tudo aquilo que podia ofertar, ele não era uma pessoa muito rica mas também não era pobre, trabalhava muito, mas era muito solitário. Dentro de sua casa nunca se via alguém entrar, ele era um artesão. Passou dias e noites trancafiado em sua casa antes do Natal, não deixava de olhar pela janela como estava aquela família pobre que passava por dificuldades, lá da janela dele dava para ver tudo. 


Do lado de fora da casa daquele homem o que sou ouvia era o barulho, o barulho das ferramentas tocando a madeira, dando forma e desenhando os contornos da madeira para algo tomar forma. As pessoas curiosas se aglomeravam na janela do artesão. Ele fazia de tudo para esconder no que estava trabalhando, mas todos desconfiavam que era algo grandioso e maravilhoso. De fato, a fama do artesão era a de que ele era um mago, fazia coisas fantásticas entalhadas na madeira. 


Faltava pouco tempo para o Natal, e o artesão trabalhava incansavelmente em sua obra mais maravilhosa de todas, fora a neve já começava a cair, ele vai diante da janela e percebendo pensa consigo mesmo que tudo estava indo de acordo com o que ele planejava. O que ele tinha em mente ao certo ninguém sabia, a única coisa que se podia deduzir era a que ele estava muito interessado em ajudar aquela família pobre que desconhecia o Natal. 


Alex era o filho de Elisabete, estava já sendo colocado pra dormir, ainda chorando pois sentia fome, sentiu o calor do abraço de sua mãe e de seu pai dando-lhe um boa noite. Logo dormiu, as velas da casa iam se apagando uma a uma enquanto todos já dormiam. Apenas o artesão encontrava-se acordado naquele instante, a vila toda já dormia.  


O artesão abriu pela primeira vez, durante o Natal, a porta de sua casa, ia trazendo para fora com muito esforço miniaturas de renas esculpidas na madeira e colocando uma atrás da outra, eram seis, fazia tudo em silêncio, para não acordar os vizinhos, após colocar as renas ele trouxe uma miniatura de carroça, ela era enorme, e tinha uma grande extensão atrás, colocado logo após as renas a carroça, ele foi e pegou um grande saco e colocou sobre a carroça, entrou mais uma vez em casa e quando saiu estava vestido com uma linda roupa vermelha, agachando-se sobre a neve olhou para um lado e olhou para o outro não vendo ninguém pegou a neve em sua mão jogando sobre as miniaturas de madeira deu grande grito – Ho! Ho! Ho!. Uma atmosfera mágica tomou conta do lugar, a neve cintilante começou a brilhar e dançar freneticamente sobre as miniaturas, que iam crescendo e tomando vida, após esse momento mágico ele subiu na carroça, jogando mais uma vez a neve que estava em suas mãos sobre a rena elas começaram a voar, e voavam deixando para traz um rasto de pó brilhante que ia se misturando com a neve que caia na vila e criando diversas formas de animais na neve.  


O artesão naquela noite passou na casa de cada família que morava na vila, ele sabia que cada um tinha uma necessidade especial, e lembrou-se de passar no casebre daquela família que não sabia o que era o Natal. Sobrevoou sobre ela durante um certo tempo, jogou ali seu pozinho e logo voltou para a sua habitação onde estacionando em frente seu trenó com o saco vazio que majestosamente ficou cheio, as renas e a carroça voltaram ao seu estado normal, mas já não eram miniaturas, permaneceram no tamanho real, lindas renas talhadas na madeira que mais pareciam estarem vivas, mas era a magia das mãos do artesão que davam brilho a madeira talhada. 


Alex se acordou, com fome não conseguia dormir, mas teve uma surpresa, acordou em uma cama luxuosa com cobertores nas mais diversas cores e desenhos de animais, ele não compreendia, e colocando o pé no chão sentia que algo tinha acontecido, o seu quarto não era o mesmo de quando foi dormir, estava lindo, cheio de cores e vida. E saiu correndo ao encontro de seu pai. 
  • Papai! Papai! Papai!
 Seus pais acordaram, não entendiam o que havia acontecido naquela noite, estavam em uma outra casa, uma casa rica, cheia de cores e detalhes reluzentes, a escada que dava para a sala era toda talhada em mão, pequenas renas era a decoração usada na madeira das escadas. Chegando na sala dão de cara com uma pequena mesa ao lado do sofá e lá estão retratos da família em diversos momentos da vida, e seu Nélson olhando para sua esposa tenta explicar o que estava acontecendo mas não encontra palavras. Ao lado da enorme árvore de natal bem no meio da sala, toda enfeitada e brilhante havia uma pequena carta que escrito estava: “ A felicidade vem quando menos esperamos, o Natal não representa apenas um momento voltado para o consumismo, representa o momento de partilha, de doar-se, de ser humano para aqueles que necessitam.” 


Ao pé da árvore estavam os presentes, o pequeno Alex ganhou um cavalinho de madeira, no qual se divertiu a noite toda. Na sala de jantar estava uma linda mesa cheia de frutas e comidas das mais diversas, os doces não faltavam também. A família caminhou até a sala de jantar e lá saciou a fome que por semanas os afligia. 
O dia ganhava o lugar da noite, o sol ia nascendo calmamente ganhando o espaço azul do céu, rompendo a barreira do silêncio os pássaros começavam a cantar, rasgavam o céu com voos rasantes, a neblina se dissipava, a vila começava acordar, era o Natal, a neve ainda encantava a cidade mas calmamente ia derretendo. Havia festa nas casas da vila, os cidadãos não compreendiam como presentes apareceram em suas árvores, era um enigma que os deixava feliz. Todos saiam de casa e iam para a rua comentar aquela novidade, saindo a rua se deparavam com a bela decoração em madeira na frente da casa do artesão, era lida a decoração, ficavam admirados e extasiados com tanta realidade impressa na madeira. Uma multidão se aglomerava na frente da casa dele, enquanto comentavam sobre a belíssima decoração natalina na casa do artesão se deparavam também com um casarão todo feito em madeira, o casarão estava no lugar daquela que era o casebre da família pobre, se perguntavam como a casa tinha ido parar ali da noite para o dia, e não compreendiam, até que os donos apareceram na rua para desejar a toda a vizinhança um Feliz Natal, e todos viram que algo de mágico havia acontecido naquele Natal. A felicidade se apoderou de toda a vila, e eles começaram a cantar, a se abraçarem e se desejarem felicidade. 

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