Ciranda Elo das Letras de Poetrix

O poetrix é um terceto, "poema com um máximo de trinta sílabas métricas, distribuídas em apenas uma estofre, com três versos e título".

Ifrit O Despertar de um Demonio

Entrei no metrô direto para o prédio Vargas 2 que fica na Rua Presidente Vargas, a estação é em frente ao meu trabalho e como sempre o metrô estava lotado..

A Ordem Secreta da Inconfidencia Mineira

E se um dos grandes nomes da Inconfidência Mineira tivesse sido possuído por um espírito maligno e a causa de sua execução não tivesse sido o fato de pertencer a um movimento popular e sim o fato apenas de uma sociedade secreta querer ocultar a presença maligna no corpo daquele homem?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Ordem Secreta da Inconfidência Mineira - Parte II



A Ordem Secreta da Inconfidência Mineira

Parte II

Passado algum tempo o jovem Joaquim levando uma vida normal, com sua ascensão profissional ficara conhecido como Tiradentes, por causa das inúmeras extrações de dentes que fazia na Vila, alistara-se nas tropas da Capitania e logo virara comandante foi quando começara a ter um contato com os grupos que criticavam a exploração do Brasil por Portugal, ele não se contentava com pouco e o máximo que teve ao perder o posto de Comandante foi o posto de Alferes, com essa insatisfação pediu para sair das tropas. Um jovem cheio de energia, quando voltou para a Vila depois de suas inúmeras andanças, começou a falar pelos cotovelos contra o Reino e a favor da Independência de nossa Colônia. Enquanto Joaquim estava entretido com seu ideal de liberdade, os rumores na cidade de que algo estava acontecendo só crescia. Pouco ele quis saber do que acontecia, sua inteligência depois de suas viagens superavam a sua condição de homem simples e comum.

Um rapaz conhecido na cidade havia sido assassinado brutalmente em um ritual macabro de magia negra, que lhe tirara a pele do rosto e sete dedos de suas mãos. O corpo encontrado estava no meio de um círculo desenhado por seis velas e uma sétima vela fincada bem no meio de suas entranhas. Já era o quinto assassinato daquela forma, o primeiro fora de uma criança de apenas dez anos, o que chocara toda a população e que deixara a vila em estado de atenção. Joaquim não dera muita atenção a isso, julgava que era apenas uma coisa ao ocaso, apesar de julgar que isso fosse um caso para a polícia local e acreditava que a polícia logo daria uma solução a isso.

A noite foi chegando em Vila Rica como o ladrão que visita uma casa silenciosamente e sorrateiramente sem avisar, a lua cristalizada nas possas de água espalhadas pela rua denunciavam a chuva que insistentemente caíra durante aquele dia. Já madrugada na penumbra total dentro da floresta passos silenciosos se juntavam aos galhos que quebravam ao peso do corpo humano, os coelhos pulavam para o lado abrindo caminho para que passassem. 


As luzes vinham de todas as partes, eram luzes de velas que derretiam e geravam uma leve fumaça. Havia no meio da floresta fora de Vila Rica um vazio desconhecido da população, muitos tinha medo de ir lá pois comentavam coisas horríveis do lugar o que fez ainda mais a fama do local que era conhecido como a Boca do Inferno, ninguém sabia desse lugar e aqueles que sabiam fingiam-se não saber para não precisar pronunciar o nome nem em suas mentes, nesse vazio, o Boca do Inferno, havia uma enorme pedra com um símbolo de um circulo estrelado e seis bancos a frente dessa enorme pedra, e de cada canto da floresta sugira alguém usando uma capa vermelha com capuz cuja finalidade da capa era esconder o rosto, no capuz havia uma estrela de seis pontas encimado por uma meia-lua e no peito havia três estrelas duas embaixo e uma em cima bem no centro, traziam a cintura cingida por um enorme cinto de coro que deixava a frente cair até os joelhos e do lado esquerdo uma espada, pouco dava para ser visto daqueles homens suas enormes botas até o joelho cobria a parte de baixo e a única coisa em exposição que se via eram as mãos que seguravam a vela para iluminar a passagem, eram sete no total, o sétimo além da capa vermelha trazia em seu ombro um manto branco e no peito um colar prateado onde pendia a primeira letra do alfabeto grego, o sétimo foi o responsável por elevar oferendas aos céus e fazer as orações ao passo que os demais acompanhavam levantando nos momentos que era para levanta, sentando nos momentos que era para sentar e ajoelhando nos momentos exigidos, finalizando o Grande Mestre disse que todos os orientes e ocidentes estavam autorizados a falarem.

- Não há mais tempo, precisamos impedi-lo ou seremos descobertos! - Dizia o homem com uma voz rouca e assustadora, porém nela se percebia um medo escondido.

- Aquela louca quase revela o nosso segredo, esses mortais não merecem a nossa consideração, ela está lá, ela ainda não compreende o que está acontecendo, seu corpo está vazio e intacto porém o seu espírito não pertence mais a ele! Agora o jovem rapaz faz coisas das quais não se lembra, precisamos por um fim a isso antes que alguém descubra. Esses espíritos inferiores privados de seus corpos são um problema e por vezes ameaçam a nossa estadia nesse lugar. - Disse uma voz do meio dos seis, e todos concordaram entre sim.

- Tragam-me o corpo, ele já não tem mais utilidade nenhuma, não passa de uma matéria ocupando espaço na terra, certamente a moça já havia morrido há muito tempo. - Disse o grande mestre.

Após essa conversa deu-se início a uma espécie de ritual, onde aquele homem que estava a frente dos seis abrira um enorme caixão de pedra que fora posto ali mesmo naquele que seria o altar do sepultamento. O corpo a flutuar entre eles, intacto porém ainda quente pois se conservava normal e ausente de espírito, uma enorme adaga suspensa ao céu fora cravada no coração da jovem Gervásia, dizia-se que os espíritos inferiores quando foram expulsos do céu foram privados de seus corpos e condenados a vagar em um submundo onde o fogo era acesso permanentemente e que seu chefe tivera o castigo que merecia e fora aprisionado por mil anos. 

Em Vila Rica homens se reuniam na praça para darem início a um protesto contra o domínio português, a muito tempo Portugal mantinha um domínio exacerbado nas Minas Gerais e cobrava impostos demasiado altos demais e o povo se cansara disso, por toda a parte se ouvia os vivas a república antes mesmo de virar uma revolução a Inconfidência foi suprimida, e um decreto que suspendia a cobrança dos impostos fez por esvaziar as ruas e a vida voltar ao normal, porém a conspiração não poderia ficar impune aos olhos do vice-rei que logo espediu um despacho mandando que caçassem a todos aqueles que incitaram o movimento inconfidente.

No Rio de Janeiro, era madrugada quando ouvira o grunhido do gato, a lua em sua totalidade expelia por trás das montanhas o seu brilho vermelho prateado, o vento por vezes fazia redemoinhos de poeiras e sujeiras que na rua se amontoavam, noite seca e encalorada porém silenciosa e sorrateira, o mar em cólera reclamava estrondosamente na arrebentação. Portas batem, um corvo sob a cruz da Sé alça um voo para a cumeeira de uma casa, abre as asas e permanece no lugar, sai alguém daquela casa e vai caminhando pela rua, encontra ma outra pessoa que vem caminhando aleatoriamente de qualquer lugar, era um jovem rapaz que provavelmente vinha de uma dessas casas de mulheres fáceis, se aproximando do jovem pega-lhe pela garganta de um modo tão brutal que o jovem já cai morto expelindo sangue pela boca, um capuz escuro na cabeça esconde a pessoa que cometera o delito, e essa pessoa saíra arrastando o jovem rapaz até um lado escuro da Sé, onde ninguém os veria nem incomodaria, um rastro de sangue é deixado para trás. Seu primeiro ato fora despir totalmente o rapaz, depois esticando-lhe as mãos e os pés como na forma de uma estrela colocara próximo a cada membro uma vela acesa proferindo palavras desconexas e vazias de sentido, o corvo batera fortemente suas asas para uma árvore ali próximo e lá ficava a tudo observar, a mata silenciosa permanecera enquanto o ritual prosseguia. 

A pessoa tirara de dentro de sua vestimenta uma adaga prateada que ao brilho da lua refletira sob os olhos dela deixando-os a vista, era um jovem rapaz, levantando a adaga mirando-a ao coração desferiu um enorme golpe e segundos depois o coração já se encontrava em suas mãos foi quando deixando o capuz cair para traz seu rosto iluminado sob o luar se colocara a vista, era Joaquim, olhos totalmente perdidos e concentrados, olhos sem vida e sem brilho que mais pareciam sob a escuridão de tenebrosa neblina. Posicionando o coração sob sua face, estendera a sua língua e sentira o doce sangue que dali jorrava, abandonando o coração de lado desferiu um golpe nas entranhas do cadáver abrindo-o ao meio e lá enfiando uma vela que acessa fez o fogo crepitar velozmente e inexpressivamente, era alto o fogo que ali saltava e tocando a face de Joaquim dava um brilho vazio nos olhos roxos. O coração levara consigo e enterrara em um lugar qualquer, voltando para a casa onde estava hospedado lavou-se e as roupas jogou na lareira que logo em cinzas se transformaram. O corpo lá ficara abandonado, e o corvo voara para longe de forma a se distanciar de tudo porém com um destino certo.

Continua...

sábado, 25 de junho de 2011

Elo das Letras e site Rio e Cultura


Olá Galera do Elo das Letras e queridos leitores, quero antes de mais nada agradecer a todos que estão participando, seguindo e comentando sobre o blog entre os amigos. Ainda agradeço também as parcerias e as novas parcerias que estão surgindo e é sobre uma dessas parcerias que estão surgindo que venho comentar hoje.

A um certo tempo fui colunista do site Rio & Cultura, um ótimo site que divulga os mais diversos eventos culturais que acontecem no Rio de Janeiro, fui pioneiro no site sendo o primeiro colunista sobre Literatura, depois de um tempo trabalhando e estudando demais eu não tinha tempo para retornar a escrever e tive que sair do R&C porém o editor do site nunca deixou de acreditar em mim e sempre me pedia para voltar. Dentro desse tempo em que me desliguei do site fui reavaliando minha vida, minhas escritas e também a minha dedicação, foi nessa reavaliação que surgiu o Elo das Letras com a promessa de que me dedicaria ainda mais a Literatura e arranjaria sempre um tempo de preferência o máximo de tempo que pudesse para me dedicar a divulgação da Literatura, com o Elo já realizado o editor do Rio & Cultural achou por bem voltarmos com a coluna sobre Literatura no site, não pensei duas vezes e já estamos a duas semanas ativos por lá.


Por tanto amigos vim aqui para lhes informar que agora semanalmente estarei também no site: www.rioecultura.com.br  na coluna sobre Literatura. Lá trarei algumas das resenhas de livros que divulgo aqui bem como algumas dicas sobre eventos e lançamentos que estão ocorrendo.

Aguardem também as novas parcerias que o Elo das Letras está criando com outros blogs e site e venham sempre conferir as novidades.

Elo das Letras

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Promoção Livro Questões do Coração Segunda Chance







Galera amada, mais uma do Elo das Letras para os fãs de Emily Giffin!

O Elo estará sorteando no dia 15 de Julho mais um livro "Questões do Coração" e para participar basta dar Retuiter na mensagem:

Eu sigo @elodasletras e quero o livro Questoes do Coração de Emily Giffin. http://bit.ly/ltTcMy (@elodasletras)


Não esqueçam de se inscrever no link: http://bit.ly/ltTcMy


IMPORTANTE:


1º - O ganhador será informador via Twitter e terá 3 dias contados da data do sorteio para reclamar o prêmio.


2º - Os participantes devem ter endereço de entrega no Brasil.

Resenha: Livro Insanas... Elas Matam

   "Mas quando ela arrancar teu coração,
O sangue quente escorrendo por sua mão
O rio vermelho que mancha a tua cama
Finalmente verás o quanto ela é insana."
Ana Cristina Rodrigues


   Quando pego em um livro para ler gosto de dedicar meu tempo a leitura dele às vezes flui rapidamente e outras vezes ela não flui e acabo por abandonar o livro na metade. Poucas vezes repeti a leitura de um livro. Os livros de literatura fantástica são especiais pois nos fazem mergulhar em um mundo de fantasia, nos tiram de uma realidade crua e nos transportam a um mundo "de possibilidades", já usei esse termo várias vezes pois acredito que um livro onde as "possibilidades" se fazem reais e nos fazem querer viver aquele momento ou mesmo ter vivido é um livro capaz de conquistar e satisfazer os nossos anseios.

   O primeiro livro antologia da Editora Estronho que tive contato é o livro Insanas... Elas Matam, confesso que quando vi o projeto da seleção para os contos que iriam compor a antologia eu fiquei um pouco entusiasmado para ver no que daria, imaginei os mais variados tipos de mulheres e as mais variadas formas fantásticas sendo escritas, e minha surpresa foi a de que todas as expectativas foram atendidas em respeito ao livro.


   Os contos reunidos na antologia são das mais diversas características, e as mulheres que nele escrevem são mulheres capazes de surpreender ao toque do teclado e são elas quem ditam o ritmo do livro cada um ao seu tempo e tempo parece que é o que elas não querem perder no livro, as vezes em primeira pessoa, outras vezes em terceira ou até mesmo como um expectador do caso, elas narram as mais diversas histórias e nos levam a fazer um passeio em momentos diferentes da história do Brasil. Há momento em que você sente o cheiro do sangue se espalhando na atmosfera, até mesmo você se sente levado a visualizar os mais diversos tons de vermelho, o que não falta é insanidade a essas mulheres que no seu mais pacato modo de viver podem se revelar verdadeiras feras loucas por sangue e fascinadas por fazer qualquer um que seja sofrer.

   Um único conto destoa dos demais, quando o li me deparei mais com uma descrição de um ato sexual do que de uma história em si, confesso que inicialmente eu não entendi bem onde a autora quis chegar mas no final dele é que passei a compreender que em um mundo de insanidades proposto pelo livro essa insanidade não poderia se caracterizar apenas por mortes mas algo masoquista poderia permear esse universo feminino já que a proposta inicial era tirar as mulheres da rotina e abrir esse mundo de possibilidades.


   A antologia em si traz uma coisa nova no que concerne a estrutura literária, pude ver alguns contos compostos de pequenos micro contos e verifiquei que isso é uma tendência, em uma breve pesquisa em alguns blogs na internet pude verificar que isso é uma tendência que vem se espalhando. Esses micro contos são como uma teia de aranha que vão se unindo e tornando um conto no mais extenso de seu ser e também dão a tônica que a história precisa tonando-a mais viva e eliminando os detalhes que realmente são desnecessários, já que o conto tem a característica de ser rápido, incisivo e freneticamente ritmado, ou seja, contar a história rápida e com qualidade.

   Alguns detalhes não fogem da tônica do livro, e um desses especialmente é o trabalho gráfico que acompanha cada conto, as imagens são belíssimas e foram muito bem trabalhadas, a Editora Estronho ao que pude verificar está sempre inovando e tornando os seus livros mais atraentes e personalizados.

   Insanas Elas Matam é um livro onde elas, as mulheres, em suas roupas elegantes, seus saltos ponte agudo e seus batons vermelhos em vários tons soltam a sua imaginação passeando pelo terror é como se estivessem dando apenas um passeio matinal nas ruas de seus mais sublimes feitos, pois elas sentem prazer e não é um prazer qualquer mas sim o prazer por ver suas vítimas sofrerem. Um livro que traz tensão, crueldade e muito, muito sangue pois elas são Insanas e matam!

Sinopse:


INSANAS... ELAS MATAM!

Insanas é uma antologia escrita somente por mãos femininas. Mas não se engane, pois aqui não terá espaço para textos sublimes, chick lit, conjecturas sobre o universo feminino e nem saudades da vovozinha que se foi. Aqui... Elas matam!

A antologia Insanas tirou dessas mulheres o que elas têm de mais cruel de dentro delas. Nem nos piores dias de TPM da sua namorada ou esposa você poderia imaginar tanta violência, descontrole e sadismo.

Prefácio: Ana Cristina Rodrigues
Autora Convidada: Suzy M. Hekamiah
Apresentando: Celly Borges e Carolina Mancini

Textos recheados de crueldade, tortura, sangue, terror, sexo, sadismo, traição, ambição extrema, morte e muito mais. Tudo fruto dessas mentes cruéis. Elas produziram as mais insanas escritas e mostraram do que são capazes. Sexo frágil? Não... Elas podem ser cruéis quando querem.

Ficha Técnica:

ANTOLOGIA DE CONTOS
Organização: M. D. Amado
Fotografias (capa e internas): Andrey Kiselev
Diagramação e Capa: M. D. Amado
Antologia de contos
Formato: 14 x 21cm
Capa em papel cartão 250g, laminação fosca, orelhas 6cm
Miolo em papel pólen bold 90g
Preço de Capa: R$ 32,00

terça-feira, 21 de junho de 2011

Conto: A Ordem Secreta da Inconfidência Mineira

Breve Introdução


E se um dos grandes nomes da Inconfidência Mineira tivesse sido possuído por um espírito maligno e a causa de sua execução não tivesse sido o fato de pertencer a um movimento popular e sim o fato apenas de uma sociedade secreta querer ocultar a presença maligna no corpo daquele homem? E se essa presença maligna ameaçasse a história de toda a humanidade? Bom, venha para dentro desse mundo de possibilidades e descubra o que acontecera à Joaquim o jovem Tiradentes antes e durante a Inconfidência quando o mesmo foi decapitado, esquartejado e teve seu corpo dividido e sua cabeça ocultada e nunca mais encontrada!


Todas as segundas você encontrará uma parte desse conto que está dividido em quatro partes, e a primeira parte é essa aqui:





A Ordem Secreta da Inconfidência Mineira

    O conselho se reuniu mais uma vez, e aquela seria a última vez já que estávamos a beira de uma intervenção no sistema governamental do país, o conselho sempre se reuniu apenas quando o mundo era ameaçado e quando essa ameaça envolvia a vida de muitos seres humanos. Choro e lágrimas por todos os lados, uma perna no poste, a cabeça em outro, e todos viam aquilo com pesar e temor. Foi necessário intervir, não havia mais outra opção era a vida de um ou de centenas de milhares em jogo. Era meia-noite, o latido do cão na rua foi a única coisa que ouvi, e as folhas das palmeiras da balançavam como se estivessem em um baile onde a música suave transcorre para o casal apaixonado, esse bailar das palmeiras em pleno verão era exceção já que chovia constantemente por essas bandas.

   O pobre Alferes Joaquim havia pagado por um crime que não cometera, tudo começou de uma forma inexplicável aos meus olhos mas que só agora ganhou sentido. Veja bem, Joaquim ainda era muito moço quando se tornou sócio de uma botica de assistência a Pobreza na ponte do Rosário, em Vila Rica, muito apessoado porém um homem sempre humilde e de bom caráter, foi se dedicando a profissão de Dentista que ele fez sucesso com as mocinhas, dentre elas a bela Gervásia, ninguém nunca falou dela mas eu lembro bem de como ela era, uma moça daquelas de tirar o fôlego de qualquer rapazote mesmo em se tratando de um rapaz tão sério como Joaquim. Essa moça não tinha família, havia chegado por aqui sozinha, era uma moça desconhecida e sem procedência, Dona Anastácia, uma negra mucama de um senhor muito abastado de nossa cidade, acolheu Gervásia e deu-lhe todas as instruções para a vida. Dizia-se que ela não falava muito, era arisca, andava sem sandálias desde quando entrara na vila, por vezes foi chicoteada por Dona Anastácia para que aprendesse a se comportar como gente mas nunca aprendeu ou fingia-se não aprender, talvez essa moça selvagem na cidade fosse o sonho ou encantamento do qual todos os homens, inclusive os senhores casados, buscassem para satisfazer seu ego.

   Certa noite enquanto Anastácia dormia um mal súbito acometeu-lhe o coração, era uma noite de lua cheia, o galo ao soar da meia-noite cantara três vezes e no seu terceiro canto o último suspiro solitário da mulher que acolhera a moça misteriosa, se pode ouvir naquele quarto feito a pau a pique e murado pelos barros da senzala, distante da casa grande e dos demais escravos que habitavam a fazenda.

- Onde você estava menina que não viu a sua mãe morrer? O que fazia no meio do mato a essa hora? Por Deus menina arisca, bicho do mato, não esteve ao lado de sua mãe no seu último momento! - Disse Dom Antônio, o Senhor da fazenda onde moravam.

   A morte para Gervásia já era conhecida de longa data e não se deixara intimidade por Dom Antônio, ainda assim resolve não responder. Ao ouvir tais palavras ela saíra correndo para o mato, em cima de uma pedra ficara toda recolhida com seus braços sobre as pernas agachada indo e voltando se balançando, talvez pensando, talvez injuriando mas era impossível adivinhar o que se passava na cabeça dela, a única coisa que não entendia é o porquê de se encontrar em corpo tão frágil. Com o cabelo ao vento, lá estava sem verter uma lágrima, sob o luar prateado avermelhado daquela noite em que nem a coruja resolvera grunhir.

   Fora uma morte misteriosa de Dona Anastácia e ninguém comentava isso o que se comentava na cidade era que Gervásia havia-se embrenhado na mata e que desde então pouco se via a moça, alguns poucos caçadores comentavam que a viam entre os animais andando e falando sozinha.Joaquim ouvia sempre os comentários sobre ela, levava a vida indo nas casas dos pacientes e por muitas vezes os pagava falando sobre a moça que abandonara a sua mãe em seu leito de morte outras vezes quando estava na botica sempre alguém aparecia falando que a moça estava largada e abandonada no mato, foi ai que certa vez resolveu ir procura-la para ver se conseguiria tira-la da mata, a tentativa fora em vão não a encontrou e parte alguma da selva e já era tão tarde que resolvera voltar para casa, e já caminhando de volta ouvira uns gemidos, eram gemidos de dor, gemidos finos que se confundiam com o latido dos cães ali perto, ele resolveu ir verificar de que se tratava, chegando perto de uma enorme pedra coberta por folhas de coqueiro e uma cabana mal feita viu a jovem moça deitada se debatendo de dor, foi se aproximando calmamente e chegando mais perto ela se virou instantaneamente parada, com os olhos arregalados, ele saltou para trás do susto, foi quando os olhos dela começaram a se mexer, suas mãos faziam um movimento circular, Joaquim ao perceber que ela estava em transe saíra correndo dali assustado e prometera para si próprio que nunca mais voltaria ali, tarde demais o que tinha para ser feito já havia sido feito e de forma muito errada por força do destino.

Continua....

sábado, 18 de junho de 2011

Resultado da Promoção Livro "Questões do Coração"

Resultado da Promoção Livro "Questões do Coração" de Emily Giffin

Galera Amada do Elo das Letras peço-lhes desculpas pelo atraso, devido a sinusite que me atacou esses dias não foi possível fazer o sorteio na data certa, mas prometo que da próxima vez serei pontual.
Bom ainda estou me recuperando do "dodoi" mas o resultado já saiu, e o livro foi para:


E quem ganhou foi:


E ela segue o:


Parabéns Eduarda, agora entra em contato comigo no e-mail: jandeilson@gmail.com

Lembrando que você tem até 3 dias para entrar em contato tá!

Estou aguardando seu contato, e quem não ganhou agora pode se preparar que amanhã dia 19 de Junho começa outra promoção para os seguidores no Twitter.






Características do sorteio:


Galera quem tiver alguma dúvida é só organizar da seguinte forma: no Disqus a plataforma de organização de mensagens do blog, colocar em "Ordenar por: antigas primeiro" dai sairá o ganhador. 


Quaisquer dúvidas ou reclamações postem aqui mesmo no blog ou me enviem mensagem privada.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Poesia: Amo-te

Amo-te a noite,
No mais descansado de meus sonhos,
Onde jamais acordo,
Onde sequer tenho tempos outros,
Onde só a você me dedico.


Amo-te no mais delicado dos abraços,
No mais fiel das palavras,
No mais sinceros dos desejos.


Amo-te como se a ninguém mais amasse,
Como seja unica em tudo,
Das mais distantes terras, meu amor lá está.


Amo-te a ponto de morrer,
Se não morro é porque penso em você,
E sei que se sofreres de amor,
Não te amaria tanto assim.


Amo-te em devoção,
Sou teu primeiro, mas não único,
Porem amo-te mais que qualquer um,
E de tanto te amar é que desejo
Em teus braços me entregar,
E em teu colo de amor morrer.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Comentando: Questões do Coração de Emily Giffin

Emily Giffin é daquelas poucas escritoras que sabem expressar em palavras as realidades vividas diariamente por pessoas comuns como eu ou você, não sou um crítico da obra, nem tão pouco sou crítico de escritores, sou apenas um leitor que tem uma visão diferente daquilo que lê e que gosta de compartilhar essas visões. O recente livro lançado pela Editora Novo Conceito intitulado "Questões do Coração", é um livro que tem endereço certo, a sua cabeceira de cama para leitura antes do adormecer.

Já começo de cara informando que é um livro que não pode depender da ansiedade do leitor, já que é preciso observar nas entrelinhas as mensagens deixadas, observar no comportamento de cada personagem o entrelaçar das falas e ações que selam um capítulo e outro.

O primeiro livro de Emily que tive contato e de cara fiquei entusiasmado com ele já que inicialmente me encontrei lançado para dentro de uma história que completamente envolve e tem uma visão e perspicácia que nos conduz a visualização daquilo que está se desenvolvendo na história. Dentro do metrô ou fora dele você se vê na situação ou como um mero espectador de tudo o que está acontecendo ou até mesmo como um protagonista da história, é impossível não deixar levar-se pelas ocasiões como por exemplo o aroma das flores murchas, ouvir os passos no metrô ou mesmo a troca de olhares entre os protagonistas. 


O sofrimento e a dor nos levam pessoas que amamos ou as traz para mais perto de nós, o coração por vezes nos prega peças que confundem e abalam tudo aquilo que somos, seja em um acidente onde nos encontramos ou mesmo um de nossos filhos envolvidos em situações conturbadoras, uma queda na escada, são situações capazes de mudar toda a rotina de nossas vidas, as vezes coisas simples como uma decisão também são capazes de transformar a nossa rotina ou por puro prazer ou mesmo por simples egoísmo. 
É assim que nos vemos lançados em "Questões do Coração". 

Gosto dos livros que nos fazem pensar e questionar, gosto de ao ler questionar-me se ao me encontrar em situação parecida tomaria uma decisão igual ou correspondente aquela da situação que o escritor narra, ou se faria tudo diferente por medo de errar ou até mesmo acertar, é assim que nos vemos envolvidos nesse livro, nas realidades que rondam o dia a dia em uma história envolvente e atraente. 



Sinopse:
Emily Giffin, autora de ?Ame o que é Seu?, novamente aborda o tema da infidelidade em seu romance contado em capítulos alternados pela esposa injustiçada e a outra mulher. Tessa Russo está comemorando seu aniversário de casamento, com seu belo marido, Nick, um cirurgião plástico pediátrico, quando seu pager toca. No hospital, ele conhece seu novo paciente, Charlie de 6 anos, que foi gravemente queimado enquanto brincava na casa do amigo. A mãe de Charlie, Valerie, uma advogada bem-sucedida, que criou Charlie sozinha, se sente culpada. Como Charlie passa por diversos enxertos e cirurgias para reparar os danos causados em seu rosto e mãos, Nick se aproxima de Valerie. Tessa, uma dona de casa que tem dúvidas sobre deixar sua profissão, reconhece o crescente distanciamento entre ela e Nick, mas não está certo sobre a quem atribuí-lo ou o que fazer sobre isso. O talento de Giffin reside em tornar seus personagens possíveis e referenciais, e os leitores irão se encantar por ambos


Ficha Técnica:
Autores: Emily Giffin
Titulo: Questões do Coração 
ISBN: 9788563219312 
Selo: NOVO CONCEITO 
Ano: 2011
Edição: 1
Número de páginas: 438
Formato/Acabamento: Paperback
Peso: 0.58 kl
Preço Sugerido: R$ 29.90
Área Principal: LITERATURA
Assuntos: FICÇÃO

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lançamento: Fantástica Literatura Queer

Lançada a primeira coletânea brasileira
de contos fantásticos LGBT



A Fantástica Literatura Queer traz histórias de ficção científica, fantasia e terror que tratam do universo de gays, lésbicas e transexuais, abordam amor, identidade, direitos e preconceitos. 

Em uma iniciativa inédita, a Tarja Editorial convocou escritores brasileiros a produzir histórias fantásticas que tratassem sobre diversidade sexual. O resultado desse projeto é A Fantástica Literatura Queer, coletânea em dois volumes que reúne 15 contos de ficção científica, fantasia e terror que contemplam o amor e o prazer, desafiam preconceitos e proibições, projetam um novo olhar sobre o universo de gays, lésbicas e transexuais, situando-os como heróis de suas próprias aventuras. 

Anjos e demônios, deuses e fantasmas, feras da noite e criaturas sobrenaturais, guerreiros e meros mortais são alguns dos personagens que protagonizam essas ficções tão diversificadas, cujas tramas se valem de reinvenções mitológicas, debates político-ideológicos, construções de utopias e distopias, e críticas aos meios de opressão sexual. 

Com organização dos escritores Rober Pinheiro e Cristina Lasaitis, a Fantástica Literatura Queer é uma iniciativa pela inclusão da temática LGBT na literatura de entretenimento e na cultura popular. Os livros contam ainda com o prefácio do antropólogo brasileiro Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia. 

Participaram 15 autores de diversos estados brasileiros, reunidos por um ideal comum: prestar uma homenagem ao amor entre iguais – “o amor que não ousa dizer o nome”, nas palavras de Oscar Wilde, e que nos dias atuais já não se limita a ficar calado.

LANÇAMENTO

O lançamento da coletânea A Fantástica Literatura Queer ocorre durante a programação dos eventos do Mês do Orgulho LGBT de São Paulo. A noite de autógrafos será no dia 24 de junho de 2011, a partir das 18h no Bardo Batata –gastronomia e cultura, com presença confirmada dos organizadores, editores e escritores do livro e com participação especial do antropólogo Prof. Dr. Luiz Mott.
Bardo Batata - Rua Bela Cintra, 1333 – Jardins – São Paulo/SP Tel: (11) 3068-9852. (Entrada Franca)

Ficha Técnica:
Título: A Fantástica Literatura Queer –
Volume Vermelho
Autoria: Cristina Lasaitis, Alliah, Camila
Fernandes, Cesar Sinicio Marques,
Rogério Paulo Vieira, Monica Malheiros e
Laura Valença Guerra 
ISBN: 978-85-61541-30-9
Edição: 1ª edição
Páginas: 178
Formato: 14x21cm
Ano: 2011
Preço de Capa: R$ 29,00

Título: A Fantástica Literatura Queer –
Volume Laranja
Autoria: Rober Pinheiro, Osíris Reis,
Cláudio Parreira, Eric Novello, Renato A.
Azevedo, Cindy Dalfovo, Daniel Machado
e Kyran
ISBN: 978-85-61541-31-6
Edição: 1ª edição
Páginas: 178
Formato: 14x21cm
Ano: 2011
Preço de Capa: R$ 29,00




O que você achou da idéia? Comente aqui!

Série Por que você escreve? Escritores Leitores, Leitores nem tanto escritores.



Por que você escreve? Escritores Leitores, Leitores nem tanto escritores. 


Continuando ainda a me questionar diariamente com aquele questionamento básico que serviu como estopim para os meus mais diversos pensamentos sobre o assunto (ai cara, por que você escreve?) da escrita, tentando ainda interpretar sempre sob um ponto de vista diferente acordei esses dias com uma enorme vontade de pesquisar na internet sobre o assunto, de cara percebi que os mais diversos blogueiros e escritores já tentaram responder ao meu questionamento antes mesmo de eu querer torna-lo escrito aqui no blog. Alguns responderam primorosamente e até recentemente, outros de uma forma mais humana e essa forma se sobressai das outras pois é a forma do poeta que questiona e como questionador é ainda poeta de suas próprias questões. Li os mais diversos pensamentos sobre o "por que" do escrever, inclusive um delimitando o papel do autor e do escritor, outro da escrita e das diversas formas de escrever. Estou certo que um deles até ofereceu a definição do significado de "escrever" no dicionário Aurélio para seus leitores, o que acho em demasia um pouco de clichê, mas vale a pena lembrar aos leitores o significado real da palavra antes de trazê-la para o significado poético que dispensa o Aurélio quando o poético toma parte e transforma a palavra no umbral das possibilidades mais profundas daquilo que é escrito e se transforma na mensagem mais sublime que o escritor/autor quer expressar.




Pois é, o umbral se abre quando as palavras começam a se formarem em nossos pensamentos e se organizarem em frases cuja dimensão muitas vezes só descobrimos quando relemos, muitas vezes, e percebemos a profundidade daquilo que queremos expressar. Me deparei com a minha questão inicial me levando a crer que sem leitura eu poderia até escrever, foi quando mais jovem escrevia poesias e não lia poesia de outros escritores pois eu não queria me contaminar com a poesia dos outros para ter o meu próprio estilo e não sofrer influências, isso poderia até contribuir com minha criação mas de forma alguma contribuía com a qualidade daquilo que eu estava escrevendo, já me deparei com muitos escritores que se comportavam ou ainda se comportam dessa forma. O meu primeiro contato com poesia de verdade foi com o grande Camões, marcas que trago comigo até hoje e sei que vou levar comigo não pelo fato de ele ser grande ou sua obra o ser, mas pelo fato de que ele trazia no coração a chama da poesia e por saber prega-la primorosamente em seus escritos.

Ainda em minha pesquisa nos blogs alheios senti necessidade de ampliar o meu conhecimento e fui na busca de resenhas e depois de matérias das mais diferentes literaturas, surpreendente como ultimamente se tem produzido e mais surpreendente é constatar que pouco se tem lido. É uma discrepância? De modo algum, a leitura ainda é um hábito de poucos e muito poucos mesmo de tal modo que isso se reflete no tipo de produção literária que o indivíduo enquanto pessoa reproduz ou produz. Aqueles que pouco leem sabem de fato o que estão divulgando ou produzindo, pois não tem um domínio ou autocontrole em relação ao seu pensamento, chega por vezes a se confundir trazendo a tona um tipo de escrita cuja sua real fundamentação está na reescrita daquilo que foi escrito por outro ou com palavras mais simples ou mais rebuscadas. É incrível por exemplo visitar um site e descobrir que uma resenha de determinado livro é apenas uma cópia mal estrutura do que disse um outro autor. Longe de minhas pretensões discutir esse tipo de coisa, deixo isso para os mais literatos discutirem a exaustão, pois minha intenção na verdade é apenas apontar o quanto se está lendo para apontar o quanto se está escrevendo.

Recentemente descobrir que ler é a segunda alma do escritor, digo isso pois um escritor sem leitura nada escreve, é simples a razão tendo em vista que muito se escreve e sobre os mais diversos assuntos, um escritor que não ler não tem domínio sobre o que está produzindo e perde a noção da estruturação de todo um caminho que poderia seguir mediante a lembrança daquilo que lê. A segunda alma do escritor funciona como uma peça que alavanca e estrutura tudo aquilo que se está sendo escrito, ora para contradizer o que foi dito e ora para afirmar. A escrita é a reinvenção dela própria sob os mais diversos ângulos e formas cuja as minúcias vão se particularizando na forma como os escritores veem determinado tema abordado por ele. Escritores como Machado de Assis especialmente se destacaram nisso com primazia, basta fazer uma releitura de Dom Quixote de Cervantes e verificar os traços e semelhanças com Dom Casmurro de Machado pois são obras que tem uma diferença grande mas oras Machado concorda e oras não com o diálogo de Cervantes. Mas será que dialogar com outros escritores é o caminho? Na verdade eu não diria que o caminho é dialogar, o caminho na verdade quem traça é o escritor que tem o poder de tecer um perfil diferente para cada obra, o destino por vezes teima em ser diferente a cada escrito, a obra de Machado imprime um caráter pessoal e intransferível e veja bem ele ia ao Real Gabinete Português para fazer a leitura dos clássicos portugueses pois tinha uma intenção de fazer uma literatura nacional, é claro que não é um copia e cola ou mesmo uma forma diferente de falar aquilo que já foi dito pois o que foi dito já está registrado, trata-se de transformar as essências, mistura-las, testa-las como fazem os boticários as vezes o perfume sai uma delícia e outras vezes a mistura não é das melhores, mas presta atenção o que estou afirmando não é que você vai pegar a obra de um escritor e transforma-la em sua obra, de modo algum. Um bom escritor sabe que existem diversos modos e perspectivas diferentes de se falar a mesma coisa mas como o escritor o modo é único, ou seja, cada escritor tem um modo diferente mas o seu próprio perfume.

A leitura é fundamental para um bom escritor não apenas por detrimento de um bom vocabulário mas porque o transforma em um crítico do ponto de vista da obra em si e também porque o oferece diversas possibilidades e ideias tanto na questão da construção de seus personagens como do ambiente em que se desdobrará a história contada. Se você for um bom leitor poderá ser um bom escritor, poderá é uma possibilidade pois poucos tem o dom e a arte de transformar histórias em contos no papel, vou lhe contar uma história simples e você entenderá o porquê dessa minha afirmação.

Conheci dona Maria José lá na Paraíba, na cidade de Cacimba de Dentro, eu sempre fui muito introvertido e sempre gostei de conversar com os mais velhos pois eles tinham ótimas histórias para contar seja de seu passado ou de suas lendas. Dona Maria nunca teve contato com as letras, pouco sabia escrever seu nome mas era dona de histórias que nunca esquecerei algumas delas eram lendas que ela mesma inventava, era uma verdadeira contista de tal modo que todas as tardes estava eu lá sentado na calçada ouvindo atentamente as histórias, ela nunca leu mas segundo ela foi criada de tal modo que todas as tardes chuvosas do nordeste sempre no inverno o seu pai reunia toda a família dentro de casa próximo ao fogão de lenha que eles tinham na sala, com uma pequena chaminé improvisada que dissipava para longe a fumaça, o ritual era sempre o mesmo ele saia na parte da manhã para trabalhar na lavoura e tardinha voltava para casa trazendo consigo um feixe de lenha para o encontro com a família, devidamente esquentado o ambiente a primeira coisa que ele fazia era tocar uma música no seu violão já velho, a voz era rouca, dizia ela com um sorriso nos lábios e os olhos já lacrimejando, e após a música ele contava histórias e lendas, disse ela que aquilo era uma herança de pai para filho e que ela não pode continuar devido a sua impossibilidade de ter filhos, o fato é que todos os invernos a família tinha um encontro marcado às tardes de chuva. A exposição de Dona Maria José as histórias e lendas de seu pai, sempre ritmadas a transformaram em uma ótima contadora de histórias. Certamente se soubesse ler talvez por limitações não conseguiria por tudo o que estava na memória em letras expressas no papel, o dom de contar histórias não é o mesmo de escreve-las.

Machado de Assis é um ótimo comparativo com Dona Maria José, o perfil dele era de um cara tímido cuja timidez tentou superar através do escrito, além das influências das histórias familiares teve também a da leitura e foi na leitura que vislumbrou as mais diversas possibilidades de se destacar como escritor um contador de histórias nato, porém um contador cuja as dimensões ultrapassam as da fala já que o registro minucioso e rico em detalhes de suas histórias assim o são histórias para serem lidas e dificilmente faladas já que mesmo que tentemos ou exercitemos tal possibilidade de contar as histórias dele nos embarreiramos na dificuldade de descrever ricamente os detalhes escritos na obra.

Tanto para dona Maria José, Machado de Assis quanto para mim e para você a exposição aos mais diversos tipos de literaturas é que nos transformam em pessoas ricas e donas de uma capacidade de interpretação dos novos caminhos a serem escritos, sem leitura, sem um contato, sem a pesquisa, sairemos escrevendo a esmo e a mensagem que desejamos passar ficará para trás no primeiro momento da escrita.

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