Ciranda Elo das Letras de Poetrix

O poetrix é um terceto, "poema com um máximo de trinta sílabas métricas, distribuídas em apenas uma estofre, com três versos e título".

Ifrit O Despertar de um Demonio

Entrei no metrô direto para o prédio Vargas 2 que fica na Rua Presidente Vargas, a estação é em frente ao meu trabalho e como sempre o metrô estava lotado..

A Ordem Secreta da Inconfidencia Mineira

E se um dos grandes nomes da Inconfidência Mineira tivesse sido possuído por um espírito maligno e a causa de sua execução não tivesse sido o fato de pertencer a um movimento popular e sim o fato apenas de uma sociedade secreta querer ocultar a presença maligna no corpo daquele homem?

sábado, 30 de abril de 2011

A Feira do Livro da Associação Brasileira do Livro



A Associação Brasileira do Livro promove a Feira do Livro na Cinelândia, Praça Floriano Peixoto, Rio de Janeiro. É um ótimo ponto de encontro e também de livros baratos e acessíveis a todos. A feira acontece de 18 de Abril a 18 de Maio, desde 1957, a 54 anos a feira ocorre sendo a maior feira popular de livros do mundo e um sucesso. Vale apena conferir.




A Feira ocorre de segunda a sexta feira de 09:00 às 20:00 e aos sábados de 09:00 às 14:00

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Resultado da Promoção de Lançamento


Resultado da Promoção

O grande vencedor da promoção CURTIR no FACEBOOK o Elo das Letras foi:



O blog Elo das Letras presenteou também o 50º a CURTIR, e o grande vencedor foi:


ganhou o livro O Vendedor de Sonhos e a Revolução dos Anônimos


Agradecemos a todos que acreditaram no Elo das Letras nessa primeira fase, a promoção no Twitter continua até atingir os 50 seguidores.

Fiquem atentos pois novas promoções surgirão com as parcerias que estão sendo firmadas.


"O Baronato de Shoah" de José Roberto Vieira


O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio é o romance de estreia de José Roberto Vieira, uma emocionante aventura épica em um mundo fantástico e sombrio. Passado, presente e futuro se encontram com a cultura pop numa mistura de referências a animações,quadrinhos, RPG e videogames.  Considerado o primeiro romance nacional pensado na estética steampunk, o mundo de O Baronato de Shoah une seres mitológicos como medusas e titãs a grandes inventos tecnológicos.

Desde o nascimento os Bnei Shoah são treinados para fazerem parte da Kabalah, a elite do exército do Quinto Império. Sacerdotes, Profetas, Guerreiros, Amaldiçoados, eles não conhecem outros caminhos, apenas a implacável luta pela manutenção da ordem estabelecida.

Depois de dois anos servindo o exército, Sehn Hadjakkis finalmente tem a chance de voltar para casa e cumprir uma promessa feita na infância: casar-se com seu primeiro e verdadeiro amor, Maya Hawthorn.

Entretanto, a revelação de um poderoso e surpreendente vilão põe Sehn perante um dilema: cumprir a promessa à amada ou rumar a um trágico confronto, sabendo que isso poderá destruir não só o que jurou amar e proteger, mas aquilo que aprendeu como a verdade até então.

Sobre o autor:
José Roberto Vieira
Nasceu em 1982, na capital de São Paulo. Formado em Letras pela 
Universidade Mackenzie, atuou como pesquisador pelo SBPC e CNPQ, 
atualmente é redator e revisor. Teve contos publicados na coletânea 
Anno Domini – Manuscritos Medievais (2008) e Pacto de Monstros 

O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio
Autor: José Roberto Vieira
ISBN: 978-85-62942-19-8
Gênero: Literatura fantástica - romance
Formato: 14cm x 21cm
Páginas: 264 em preto e branco, papel pólen bold 90g
Capa: Cartão 250g, laminação fosca, com orelhas de 6cm
Preço de capa: R$ 46,90
Editora: Editora Draco

quarta-feira, 27 de abril de 2011

“Beijada por um anjo” em uma visão inicial


   Na semana passada recebi a trilogia "Beijada por um anjo", tão animado para ler no mesmo dia já comecei a devorar as páginas do livro, cada detalhe e cada segundo de leitura me faz crescer e aprender, é assim que a leitura faz com todos, independente do que leiamos o importante é ler para aprender e assimilar novas palavras e novas visões de futuro e mundo, já que a leitura nos transporta a diversos mundos diferentes daqueles que estamos habituado.

   O livro que recebi é diferente, além de ter um valor sentimental já pesado no momento que o recebi, ele tem um valor de leitura e conteúdo muito grande, é verdade, talvez justifique o sucesso, mas isso ainda estou avaliando de fato, preciso ler mais para fazer um valor de juízo melhor do que aquele que tenho nesse momento.

   A trilogia começa com o primeiro livro nome que vai levar na sua continuidade, é uma saga escrita por Elizabeth Chandler, inicialmente te leva a conhecer o mundo de Ivy uma garota pacata que pouco se abria aos amores, diferente de suas companheiras Beth e Suzanne, enquanto uma é sonhadora e gosta de escrever histórias a outra é paqueradora e fogosa estando sempre em busca de aventuras. Ivy é uma garota cheia de medos, aparentemente para cada medo tem um anjo da guarda criado por ela mesma e fantasiados segundo suas próprias concepções, o anjo mais frequentemente citado é o anjo da água que a protege do medo da água desde sua infância, a autora não usa de nenhum subterfúgio para explicar o que são os anjos no universo do livro, inicialmente é uma coisa que nos deixa ansiosos para chegar logo na parte em que os anjos passam a existir materialmente dentro da história mas se você quer saber realmente é preciso ir destrinchando-o calmamente o livro, lendo a vidinha pacata de Ivy e seu namorado Trystan. Inicialmente você poderá abandonar o livro ou pular logo para a parte em que a coisa começa a pegar "fogo" mas se perder o inicio não entenderá o fim. É um ótimo roteiro de filme, tão bom roteiro que tem horas que as cenas são cortadas, ou seja, a continuidade da história, que faz você se perder e tentar entender o que está acontecendo. A autora coloca momentos dentro da história que não têm conectividade nenhuma com o que está acontecendo o que aconselho é que você releve isso e vá destrinchando o resto da história. Se derrepente você se deparar com algum erro de português na sua versão, releve, nem tudo é perfeito!

   A verossimilhança muitas vezes nos conduz a mundos distintos e surreais, nos ensinando que a criatividade é capaz de transformar qualquer história em uma bela sincronia de fantasia e sonhos, o mérito de tudo isso é chegar ao fim e descobrir a verdade a qual o autor quis nos levar. Entrar nesse sonho é chegar e descobrir os detalhes e pistas que vão sendo espalhados pelos caminhos percorridos pelo autor, no caso a autora, o que é primordial é ir dando margem a ilusão dessa fantasia que você pode ir criando e mergulhando cada vez mais no ritmo das personagens. Beijada por um anjo nos trás a similaridade com nossas vidas reais, aos medos que estamos susceptíveis e também aos exageros que a vida por vezes nos leva a ter, o enredo pode inicialmente nos parecer desinteressantes, mas quem fala com detalhes explica melhor a história do que aquele que nos tira os detalhes e nos deixa devendo no que concerne a imaginação da criação do mundo verossímil a que iremos desvendar, o que é diferente nesse primeiro livro da trilogia, ela nos situa em um mundo habitado por seus personagens para só depois nos levar ao clímax da história.


Ficha Tecnica:
"Sei que o perdi... Tristan está morto. Jamais poderá me abraçar novamente. O amor termina com a morte." Ivy Ivy e Tristan foram feitos um para o outro. Eles discordavam apenas em um ponto: Tristan nunca acreditou em anjos. Ivy, por sua vez, fez dos anjos seus protetores nos momentos mais difíceis. E quando Ivy sente ter encontrado o amor de sua vida, um acidente muda o rumo desta história, fazendo com que Ivy questione a existência de algo que era certo em sua vida, os anjos. Uma linda história de amor interrompida cedo demais...


Autores: Elizabeth Chandler
Titulo: Beijada por um Anjo 
ISBN: 9788563219145 
Selo: NOVO CONCEITO 
Ano: 2010
Edição: 1
Número de páginas: 264
Formato/Acabamento: 16x23
Peso: 0.38 kl
Preço Sugerido: R$ 29.90
Área Principal: LITERATURA
Assuntos: ROMANCE;FICÇÃO

terça-feira, 19 de abril de 2011

Quando me vejo só e penso em você



Mergulho minhas mãos dentro desse mar

buscando apalpar as letras de teu coração

se eu soubesse o que é amar

buscaria-te com maior emoção

não perderia-me nas correntezas

não cairia no merasmos tórrido e frio

desse meu vazio

te encontraria na areia ao sol se banhar

porem perdi-me já

e solução outra não vejo encontrar

nessas escuras águas.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A Tentação







Certa vez estava andando pela praia de Copacabana, a orla é muito visitada, e sempre tem turistas passeando por lá, tirando fotos, ou mesmo parados nos quiosques bebendo uma cerveja e apreciando a vista que a noite tem um charme especial, mas nesse dia não havia movimento, até mesmo porque já era tarde da noite, e apenas os carros passavam com seus faróis cintilando naquele neblinar decrepito que tomava de conta do lugar as vezes atrapalhando a visão.

Caminhando sobre a areia, coisa que sempre fazia desde criança já que minha mãe me ensinara que caminhar na areia do mar tanto enrijecia a panturrilha como também era terapêutico já que por vezes nos fazia esquecer de nossos problemas - o que era muito agradável - , descalço de qualquer pensamento que naquele momento pudesse me torturar, pude refletir sobre diversas coisas de minha vida, e no vazio daquele momento de reflexão algo começou a atormentar o meu corpo, um formigamento constante trazia consigo o pânico e a escuridão. Um suor frio começou a me tomar, não sentia qualquer movimento, e apenas a minha mente estava ali, em um piscar de olhos sem que eu percebesse o meu corpo estava a, caminhar pois tinha vontade própria. Estava na água que batia ferozmente sobre meu peito, as ondas constantemente vinham e cada vez mais com violência tão rústica chegando ao ponto de seu barulho ressoar ecoando em toda a orla. pensei: “ - Meu Deus o que estou fazendo aqui?” logo compreendi que era uma tentação demoníaca, algo tão perverso estava por trás daquilo tudo, de tal forma que naquele  instante queria se apossar de mim. Essa tentação começara a tomar formas se mostrando na pele de um homem de tão bela aparência, contornos angelicais, lábios úmidos como a brisa da noite e olhos galácticos que nos fazia mergulhar na mais íntima experiência de uma viagem às estrelas, nada me fazia pensar senão naquela beleza. Estava tão atento as perfeições doadas por Deus àquele belo rapaz, dádivas únicas dos seres celestiais, mas ali habitava algo que não era compreensível aos olhos humanos, havia algo estranho que se aperfeiçoava ao gelo e úmido momento que vivia, a maldade que me fazia imaginar, que mais se confundia com a realidade chegando de meus olhos a arrancar lágrimas de sangue, lágrimas essas que percorriam, em vida própria, do meu rosto ás minhas mãos e se misturavam ao mar, infinitamente atroz e vil.

Enquanto meu corpo jazia no total abandono de suas vontades, a minha mente incendiantemente era invadida por tormentos longínquos, que vinham como em ondas que se iniciavam silenciosamente e ao quebrar na arrebentação causavam todo aquele incomodo barulhento longe do encantar diário das ondas. Naquele dia em nada de belo havia a arrebentação, era tão ensurdecedor, raramente conseguia pensar algo realmente sério a não ser na tormenta daquela invasão, até que em um momento algo aconteceu, o silencio total se fez, e ele estava visitando os meus pensamentos mais íntimos.

Sua boca era como uma caverna de aparência gélida e fria porém quando penetrada mais a fundo se tornava um antro de conforto e aconchego, inconfundível era o som que dali saia, no primeiro momento aterrorizante mas depois suave, que mais lembrava a concubina satisfazendo o seu amante. Não havia nele desgraça senão a terrível graça que trazia consigo, capaz de dominar a todos em um simples olhar. E seus olhos momentaneamente eram como o fogo que ardia sem cessar, mas um fogo que não queimava e sim iluminava parte do corpo e momento da mente que revelavam o mais íntimo de qualquer ser que sentisse desejos. E desejos era o que fazia sentir quando sua mão se esvaia sobre a pele suave e humana que mais fraca era quando fora da presença luminosa.

Penetrar mais intimamente na caverna era chegar até o lugar de onde brotava aquele fogo incessante que confortava, era chegar no mais úmido do íntimo instante e nele mergulhar em uma aventura de dor, abandonar a esperança e seguir vagueando o rio Ades.
Vi jorrar de uma de suas mãos o sangue de minha culpa, o trágico desejo de ser o que não era até então desejo, foi ai que quase já abandonando a esperança pude sentir a fortaleza quando no céu contemplei as três ave-marias. Ela a grande Dama veio em meu socorro, trajando um enorme vestido branco onde a calda se confundia com as estrelas do céu, a lua embaixo de seus pés e nas suas mãos uma espada, travando assim uma luta incensante onde o meu corpo sentia cada dor quando a espada dela tocava aquele ser que me possuía. O mal se afastou de mim, meu coração acelerado doía apertado, com marcas fiquei daquele instante onde os meus braços e costas serviam como escudo, e chorando permaneci por algum tempo mesmo depois que tudo aquilo se passou. Meu corpo não aguentava as dores daquele castigo, enquanto a água diminuía lentamente e se afastava de mim, eu  ria daquele momento não fortuito.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Agenda: III Prêmio Litteris de Cultura


Agenda

Um prêmio de sucesso! De muito sucesso, diga-se de passagem. Nascido em 2005, a primeira edição do Prêmio Litteris de Cultura teve mais de 4 mil inscritos. A segunda versão, em 2007, teve livros em formatos diferenciados (21cm x 21cm) e também mais de 5 mil inscritos. 


Nessa terceira versão, o III Prêmio Litteris de Cultura espera poder continuar a estimular a escrita entre os novos autores brasileiros e revelar nacionalmente outros expoentes e talentosos poetas, contistas, cronitas etc. Se você não teve a oportunidade de participar das versões anteriores, não deixe passar essa: Para participar do III Prêmio Litteris de Cultura, basta seguir o calendário de temas e enviar as suas obras.

O link do site é: http://www.litteris.com.br

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Noite escura




Era o sol mais brilhante que a lua
em suntuoso desnudar das correntes abundantes
de meu vermelho sangue errante
a meu corpo percorrer assiduante

Em um véu palatino noite escura
tão majestosa dama andante
percorrendo em nada semelhante
notas duma ópera a verdejar

E ao acaso esses olhos insinuantes
aos meus se deparar, dum grito
veio ela a lastimar

Quão rápido a morte intemperante
grande dor desabafar
a distância desse cavaleiro errante.




Créditos da Imagem: Daniel9d Martins. Link: http://www.flickr.com/photos/daniel9d/2776038469/in/photostream/

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Confusão na Praia



   Um dia de sol muito bonito e um calor escaldante, a praia estava bombando. Para André era indiferente o calor ou o tempo frio pois para o surfe não tem tempo ruim, e sua praia se chamava São Conrado. Morador da Rocinha tem que enfrentar diariamente as escadarias e becos da Rua 2 para chegar até a praia. Naquele dia vestiu-se com uma simples bermuda e sandálias, pegou sua prancha colocou debaixo do braço e saiu todo animado para surfar. No caminho cumprimenta alguns amigos, muitos estavam indo trabalhar, e aquele dia era o dia de folga dele. Chegando na Rua do Boiadeiro, lugar agitado pelos famosos moto-táxis que circulam levando os moradores a parte mais alta da favela, se depara com uma notícia desanimadora que passava no telejornal, tratava-se de uma menina que estava tomando café em sua casa quando chovia muito na cidade, a casa dela desabou e ela fora esmagada pelos escombros. De uma forma ou de outra aquilo impressionou André, ficou muito triste pensando na situação que poderia ocorrer com qualquer um inclusive com ele, a vida é como a chama da vela, o vento mais fraco pode apagá-la.

   Chegando na praia ainda impactado pela notícia da TV, tira o bermudão, coloca o pé de pato, e sai correndo para nadar. Veio uma onda e outra, mas nenhuma dava o impulso necessário para surfa-la. Quando ele já estava ficando sem esperança eis que veio se formando uma onda, perfeita, e nela André foi, pegou o impulso necessário, deu tudo certo. Formou-se um cone enorme, de mais ou menos dois metros de altura, ele no meio surfando extasiado cheio de adrenalina só conseguia gritar. No momento que a onda quebra, a prancha sobe partida ao meio.

   André acorda em uma ilha deserta, era noite, assustado começa a gritar por ajuda, percebe que não há ninguém na ilha que está sozinho. Mas como poderia ter vindo parar ali se ao que lembra ele estava em São Conrado surfando? E que ilha era aquela que nunca ele havia visto? O fato é que começou a procurar por ajuda.

   Entre umas olhadas e outras não vê nada, se assusta com o bater das asas de uma coruja que ali estava. Um vento frio transpassa a sua pele, algo estava acontecendo, arrepia-se mais de uma vez seguida. No escuro total e vazio daquela ilha sente calafrios, era como se estivesse sendo observado, e de fato olhos estavam a espreita, observando cada passo, farejando o medo, na solidão a intensidade dos sentimentos são triplicadas por sensações de abandono. Eis que houve galhos como se estivessem partindo, vira repentinamente para trás pensando que algo estava acontecendo, mas não passou de um alarme falso, já que o seu predador é invisível. O uivar de lobos dá conta de que ele não é bem vindo no lugar, começa a caminhar pela praia em busca de um abrigo. A busca por um local para descansar é interminável, dá voltas e voltas pela ilha mas sempre termina no mesmo lugar, é como se estivesse perdido em uma dimensão. Ouve passos e vozes, fica de pé, a esperança retorna ao seu coração, se anima seu semblante muda, mais corado sai correndo e gritando pedindo ajuda, falando que está perdido, e gritando por socorro. Logo percebe que as vozes que ouve não são comuns, não compreende, em silencio vai se aproximando, percebe iluminação e ao passo que se aproxima percebe que estão cantando e esculta batidas de tambores, sem querer pisa em algo que faz um barulho ensurdecedor, era um pequeno cachorro, pega-o, os nativos da ilha o escultam percebendo que estão vindo em sua direção sai correndo com o cachorro nos braços, os nativos correm atrás dele, enquanto ele desesperado leva consigo o pequeno cão. Corre velozmente, a chuva começa a cair sobre a ilha, pensa consigo que essa seria a última coisa que poderia acontecer, entra em uma trilha e se depara com uma pequena montanha, ali é o ponto final, não há pra onde correr. Os nativos se aproximam, armados de lanças e arcos prontos para atacarem a presa, parados diante dele, não havia mais para onde correr, o pegaram amarram-no e levaram para o local do sacrifício, estava totalmente amarrado, não sabia como se desprender, era o fim de tudo. Totalmente desnorteado pela situação, sem nem mesmo entender como foi parar ali ele se entregou, foi ai que viu-se sugado por uma força sobrenatural.

- Acorda! - dá dois tapas no rosto dele - Respira! Força, vamos, força!

   Tossindo tentando respirar acorda em meio a uma multidão, com salvas vidas na sua frente, não compreendendo, esculta vozes de longe falando que a prancha dele havia se partido ao meio e que ele simplesmente tinha se afogado. Ai sim começou a se recordar do que havia acontecido.

   Chegando em casa ainda desnorteado, tanto pelo sonho confuso quanto pelo seu afogamento, ao abrir a porta se depara com um pequeno cachorro que veio correndo em busca de seu carinho, ajoelha-se e percebe que é o cão de seu sonho, parado ali mesmo não consegue encontrar respostas para o acontecido.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Diálogo Poético ou Mosaico Conjunto

Tela Coqueiro de Gaivotas
de Marina Papi



"conversa entre dois poetas oralmente calados, munidos de uma única folha de papel, um lápis apenas e duas inspirações tagarelas entre si..."

Jandeílson Bezerra escreveu no topo de uma folha em branco:
“Representatividade do desconhecido”

Ao passo que Uirá Felipe escreveu logo abaixo, criando um subtítulo:
- … A ponte entre pontes … -

Até então não sabiam nem o quê e nem como, apenas decidiram que escreveriam ambos numa mesma narrativa poética. Assim sendo, Jandeílson prosseguiu, dando início ao diálogo-poema:

JB:

Caminhos que levam até onde não sei
se perfazem em segredos, nessa tua selva
que vislumbra o mais silencioso de teu desconhecido
e assim eu tento, por essa minha letra tremida
mergulhar nessas ideias que o atormentam
essa sua infinita busca ousada e atrevida
esse seu mar de estrelas que o acalentam
e transbordam pela taça desse teu suave veneno
que faz até meu próprio íntimo parecer pequeno

Calar-me pois?!!

(O que te gera essa incerteza, certa certeza disso viver?)

Poesia que me decompôs...


Então Jandeílson começou a demorar muito pra escrever o próximo verso, e Uirá Felipe, impaciente, tomou a folha de papel de suas mãos e se pôs-se a ler compenetradamente os versos acima. A vontade de entender superou a dificuldade de decifrar a grafia de Jandeílson, tão imprecisa quanto a sua própria. Deu um longo suspiro, olhou para a parede e refletiu por ligeiros instantes. Tomou para si o lápis e sentiu o vento subir-lhe o peito, fazendo aquela faísca elétrica que os poetas chamam de inspiração. Começou então a escrever incessantemente, tentando responder àqueles versos enquanto ia levantando muitas outras questões...

UF:
Essa pergunta, essa sua pergunta, o que ela me pergunta? Dúvida, questão em poesia conjunta... Receber isso movimenta em mim a curiosidade característica mais próxima daquilo que existencialmente me faz, afinal, a busca nos desfine quando nos tornamos aquilo que sonhamos... porque...

Eu sonho em realizar sonhos
e inventar explicações que
façam encantos tornarem-se realidade

Milagre é eu me aproximar da expressão
que ilumine a tal representatividade do desconhecido..
Será representável o não conhecimento?
O vazio tem forma? E o infinito, que forma tem?
Milagre é a multiplicação, a evolução, o crescimento
é a vontade do aventureiro, o sentido do sentimento

É o transformar num coletivo o que era particular
é o tornar público ou plural o que era antes singular

Então pergunto:

De onde vem a certeza dessas minhas incertezas e indagações?
Porque elas são tão convencidas de suas dúvidas e suas questões?
A verdade é que eu não sei, não sei de nada
enquanto caminho não vejo o fim da estrada

E não entendo, e nem mesmo quero entender
Pois o que mais quero é o meu próprio querer,
Querer entender é meu próprio seguir, meu caminhar,
Não quero saber ao certo onde pretendo chegar
porque é exatamente onde não entendo
que em tropeços num susto eu aprendo
errar é também viver, nunca me arrependo...

E minha vontade então só me é possível
diante de uma aparente impossibilidade
desafiosa exploração desenfreada
furiosamente em busca do reconhecimento
de algum inédito desconhecido
Pode o inesplicável ser resumido?

Querer tentar explicar o meu exato presente
do imediato querer, implícita pulsão da mente
Essa é a loucura inconsequente que me quebra
Pois é precisamente a dúvida o que eu almejo
minha livre vontade em si mesma se encerra
Ela deseja sentir-se em seu próprio (ser-)desejo

Só o que me causa incerteza
é capaz de gerar a tal beleza
de querer ser, sentir-se certeza

Não consigo decodificar as regras da existência
Minhas respostas terminam ou com reticências
ou com muitos pontos de interrogação,
se exaurem tagarelas de impaciências
até o cansaço dissolver qualquer noção
E turvam naturais transparências
manipulam o real e as aparências
Até sentir em mente o pulso do coração

Tão inevitável quanto aforça da gravidade
é a minha atração pela inventividade
vertiginoso olhar meu que é tão atirado
reconhece do breu só o que é inventado

[A mentira só é de verdade (porque) a verdade é de mentira]

A verdade é uma palavra, isso eu sei, é uma ideia
só uma ideia entre tantos milhos no milharal
E o que é que todos nós realmente somos afinal
senão uma grande orgia de ideias
misturadas num wikipédia emocional?

Enquanto Uirá escrevia, Jandeílson, ansioso, já ia lendo, verso por verso, e pensando, entendendo e não entendendo. E assim que Uirá finalmente interrompeu sua catárse poética para olhar Jandeílson, ele tomou o papel de suas mãos e ligeiramente concluiu:

JB:
(…) … e me perdoe a irrepresentatividade daquelas pontes entre pontes,
Ao não finalizar essa ideia, você vai ver
vai te permitir enfim você mesmo o fazer
É que pra mim também ainda há muitos horizontes
há tanto que não consigo entender
e nem posso, nem quero,
não hei de compreender...