Breve Introdução
E se um dos grandes nomes da Inconfidência Mineira tivesse sido possuído por um espírito maligno e a causa de sua execução não tivesse sido o fato de pertencer a um movimento popular e sim o fato apenas de uma sociedade secreta querer ocultar a presença maligna no corpo daquele homem? E se essa presença maligna ameaçasse a história de toda a humanidade? Bom, venha para dentro desse mundo de possibilidades e descubra o que acontecera à Joaquim o jovem Tiradentes antes e durante a Inconfidência quando o mesmo foi decapitado, esquartejado e teve seu corpo dividido e sua cabeça ocultada e nunca mais encontrada!
Todas as segundas você encontrará uma parte desse conto que está dividido em quatro partes, e a primeira parte é essa aqui:
terça-feira, 21 de junho de 2011
Conto: A Ordem Secreta da Inconfidência Mineira
12:07
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A Ordem Secreta da Inconfidência Mineira
O conselho se reuniu mais uma vez, e aquela seria a última vez já que estávamos a beira de uma intervenção no sistema governamental do país, o conselho sempre se reuniu apenas quando o mundo era ameaçado e quando essa ameaça envolvia a vida de muitos seres humanos. Choro e lágrimas por todos os lados, uma perna no poste, a cabeça em outro, e todos viam aquilo com pesar e temor. Foi necessário intervir, não havia mais outra opção era a vida de um ou de centenas de milhares em jogo. Era meia-noite, o latido do cão na rua foi a única coisa que ouvi, e as folhas das palmeiras da balançavam como se estivessem em um baile onde a música suave transcorre para o casal apaixonado, esse bailar das palmeiras em pleno verão era exceção já que chovia constantemente por essas bandas.
O pobre Alferes Joaquim havia pagado por um crime que não cometera, tudo começou de uma forma inexplicável aos meus olhos mas que só agora ganhou sentido. Veja bem, Joaquim ainda era muito moço quando se tornou sócio de uma botica de assistência a Pobreza na ponte do Rosário, em Vila Rica, muito apessoado porém um homem sempre humilde e de bom caráter, foi se dedicando a profissão de Dentista que ele fez sucesso com as mocinhas, dentre elas a bela Gervásia, ninguém nunca falou dela mas eu lembro bem de como ela era, uma moça daquelas de tirar o fôlego de qualquer rapazote mesmo em se tratando de um rapaz tão sério como Joaquim. Essa moça não tinha família, havia chegado por aqui sozinha, era uma moça desconhecida e sem procedência, Dona Anastácia, uma negra mucama de um senhor muito abastado de nossa cidade, acolheu Gervásia e deu-lhe todas as instruções para a vida. Dizia-se que ela não falava muito, era arisca, andava sem sandálias desde quando entrara na vila, por vezes foi chicoteada por Dona Anastácia para que aprendesse a se comportar como gente mas nunca aprendeu ou fingia-se não aprender, talvez essa moça selvagem na cidade fosse o sonho ou encantamento do qual todos os homens, inclusive os senhores casados, buscassem para satisfazer seu ego.
Certa noite enquanto Anastácia dormia um mal súbito acometeu-lhe o coração, era uma noite de lua cheia, o galo ao soar da meia-noite cantara três vezes e no seu terceiro canto o último suspiro solitário da mulher que acolhera a moça misteriosa, se pode ouvir naquele quarto feito a pau a pique e murado pelos barros da senzala, distante da casa grande e dos demais escravos que habitavam a fazenda.
- Onde você estava menina que não viu a sua mãe morrer? O que fazia no meio do mato a essa hora? Por Deus menina arisca, bicho do mato, não esteve ao lado de sua mãe no seu último momento! - Disse Dom Antônio, o Senhor da fazenda onde moravam.
A morte para Gervásia já era conhecida de longa data e não se deixara intimidade por Dom Antônio, ainda assim resolve não responder. Ao ouvir tais palavras ela saíra correndo para o mato, em cima de uma pedra ficara toda recolhida com seus braços sobre as pernas agachada indo e voltando se balançando, talvez pensando, talvez injuriando mas era impossível adivinhar o que se passava na cabeça dela, a única coisa que não entendia é o porquê de se encontrar em corpo tão frágil. Com o cabelo ao vento, lá estava sem verter uma lágrima, sob o luar prateado avermelhado daquela noite em que nem a coruja resolvera grunhir.
Fora uma morte misteriosa de Dona Anastácia e ninguém comentava isso o que se comentava na cidade era que Gervásia havia-se embrenhado na mata e que desde então pouco se via a moça, alguns poucos caçadores comentavam que a viam entre os animais andando e falando sozinha.Joaquim ouvia sempre os comentários sobre ela, levava a vida indo nas casas dos pacientes e por muitas vezes os pagava falando sobre a moça que abandonara a sua mãe em seu leito de morte outras vezes quando estava na botica sempre alguém aparecia falando que a moça estava largada e abandonada no mato, foi ai que certa vez resolveu ir procura-la para ver se conseguiria tira-la da mata, a tentativa fora em vão não a encontrou e parte alguma da selva e já era tão tarde que resolvera voltar para casa, e já caminhando de volta ouvira uns gemidos, eram gemidos de dor, gemidos finos que se confundiam com o latido dos cães ali perto, ele resolveu ir verificar de que se tratava, chegando perto de uma enorme pedra coberta por folhas de coqueiro e uma cabana mal feita viu a jovem moça deitada se debatendo de dor, foi se aproximando calmamente e chegando mais perto ela se virou instantaneamente parada, com os olhos arregalados, ele saltou para trás do susto, foi quando os olhos dela começaram a se mexer, suas mãos faziam um movimento circular, Joaquim ao perceber que ela estava em transe saíra correndo dali assustado e prometera para si próprio que nunca mais voltaria ali, tarde demais o que tinha para ser feito já havia sido feito e de forma muito errada por força do destino.
Continua....
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