sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sexta Feira Treze Parte Final



- Quem está ai? Quem está ai? - Insistiu.

Ninguém havia na casa, porém aquela percepção de um espectro sob a luz me dava a certeza que alguém lá estava, mas não era, o espectro avançava silenciosamente na escuridão de minha casa, minhas pernas tremiam, o corpo todo estava agitado o tempo parecia não passar, foi então que vou um uivo fino e melancólico. Sai correndo descendo escadas abaixo procurando um lugar no qual pudesse esconder-me, abria uma porta, o suor descendo frio, abria outra foi quando achei a porta do armário, lá mesmo me escondi, procurei algo que pudesse iluminar e por sorte achei uma lanterna, acendi para vero o local onde estava mas rapidamente apaguei quando ouvi os passos. Pela fresta do armário dava para ver qualquer coisa que passasse, mas nada vi.

Lá fora a ventania sorrateiramente forçava o arame a bater na barra de metal que havia no poste, o barulho era infernal e por horas meu coração acelerava e a respiração ficava ofegante. Pensei ser tudo aquilo obra de minha imaginação, mas logo que escutei lá na cozinha as panelas tilintando eu sabia haver alguém em casa, quem poderia ser? Estava com medo, estava sozinho em casa. Logo veio na mente o pensamento do gato preto, fora ele que me trouxera todo aquele azar. Resolvi então sair do armário e andar pela casa silenciosamente na busca do que estava a me incomodar, na ponta do pé me dirigi até a coisa, com a lanterna a meia-luz fui caminhando cuidadosamente e a medida que me aproximava do cômodo onde ele poderia estar o cuidado era redobrado, chegando hesitei em colocar a cabeça para ver mas fui na ponta do olho procurando pelo algo que lá poderia estar, vi que nada havia na cozinha, dei uma volta procurei nos possíveis lugares onde poderia estar escondido e nada, a cozinha parecia estar em ordem, as portas trancadas, pensei que nada poderia ser, mas porque eu ainda estava com medo? Então continuei a minha busca dentro de casa.



Sai da cozinha e fui-me dirigindo a sala, inquietamente por dentro de minha alma eu sentia que a qualquer momento algo poderia acontecer, estava com medo, no momento que coloco o pé direito na sala me deparo com o sofá uma ventania forte se fez e bum fez a janela na sala, olhei rapidamente para traz e para os lados, o que poderia ser? Me arrepiei dos pés a cabeça e tremi a alma me aproximei da janela e percebi que a ventania a forçou a bater, havia esquecido de fecha-la, sempre verifico as janelas antes de ir dormir mas naquele dia em especial não as fechei. A ventania lá fora continuava de tal modo que o vento ao tocar na cumeeira de minha casa cantava aquele seu canto indiscutível das cidades pequenas canto que abrilhanta as pequenas cidades porém naquela noite em nada estava abrilhantando ou contribuindo para o meu sossego, era mais um barulho informal que o canto do vento.

As horas dentro daquela casa pareciam não passar, a todo momento eu olhava no relógio e percebia que o ponteiro não saia do lugar. Fechei bem as janelas, verifiquei as portas e tudo estava normal como diariamente, nada passara por ali, olhando pelo reflexo da janela percebi mais uma vez uma sombra se aproximando tomando uma forma espectral corri para o armário que estava ali próximo com a finalidade de me proteger, fiquei lá mais uma vez quieto com a respiração ofegante pedindo a Deus para que passasse logo aquele momento e nada, a sombra se foi, resolvi sair do armário e olhando para as escadas fui subindo degrau por degrau, eram apenas seis degraus mas que demorei uma eternidade para subi-los pois tinha que ter cuidado para não denunciar minha presença ao meu algoz. Subia um degrau e parava, olhava para traz e para frente e nada, subia outro degrau e repetia o ritual calmamente e nada. Cheguei no corredor que dava para os quartos, fui verificando de um a um e nada de encontrar qualquer vestígio que fosse de que havia uma presença ali, até que ouvir um barulho estrondoso mais uma vez, a luz tentou voltar, vi um enorme clarão na rua que de susto me agachei pensando ser algo dentro de minha casa mas vi que não era então voltei a minha postura normal, eram faíscas que saiam do poste lá fora, agora eu tinha certeza de que naquela noite a energia não mais voltaria. Maldito prefeito, pensei, uma coisa tão simples e ele poderia resolver no mesmo dia, aquilo era a menor das preocupações dele mas ele que nunca mandava alguém para concertar aquilo.


  Barulhos constantes vinham do sótão, pareciam com o arrastar de caixas o chão, entrei no meu quarto peguei então um taco de beisebol, nunca joguei esse esporte apesar de admirar mas o taco eu havia ganhado de meu sobrinho que fez uma viajem ao Canadá, com o taco na mão me encaminhei sorrateiramente até as escadas do sótão, subi e quando coloco a cabeça na porta do sótão nada vejo, tento iluminar mas aqueles barulhos de caixas se arrastando cessaram, fui verificar mais perto e nada, me viro de repente para ver o que passou por traz de mim e bum, uma enorme pilha de caixas cai sobre mim, tento me colocar de pé rapidamente chutando as caixas e saio correndo, lá fora o arame castiga o poste, meu coração acelera, tento colocar força nas pernas e não consigo, a respiração fica ofegante, diante da porta tento abri-la mas as chaves não rodam, olho para um lado e para o outro e nada consigo para me esconder, as mãos começam a tremer, as janelas estão fechadas, me pergunto o que fazer, corro para o armário, acabei esquecendo do taco e da lanterna, e agora, tropeço sobre o sofá logo me recomponho e chego no armário, me fecho, tento ver algo na fresta e nada, o coração parece querer saltar para fora procuro acalmar-me, mas nada vejo.Perdido na escuridão dentro do armário me vejo, e ninguém para me acudir, até que tive a ideia de pegar o telefone e ligar para a polícia, aquilo não era normal, impossível tantas coisas acontecerem na calada da noite e não ser alguém, antes fiquei tentando relembrar se eu havia feito algo de errado com alguém mas logo cheguei a conclusão de que não tinha inimigos, então coloquei a cabeça para fora com a finalidade de ver se alguém estava ali e nada, me dirigi até o telefone na sala e puxando-o do gancho constatei que não havia linha, provavelmente o estrondo que houve no posto deve ter prejudicado de algum modo a linha do telefone. Lá fora a ventania parara e a chuva começara a cair frescamente e depois aumentando o se volume, foi quando ouvi um trovão.

Era só o que faltava, a única coisa que me restava fazer era subir para o meu quarto e tentar mais uma fez fazer uma nova busca nos quartos e no sótão, e foi o que fiz, quando mais uma vez eu vi o espectro avançando sob a lua, dessa vez ele não vinha em minha direção com os olhos fui seguindo o espectro e o vi se escondendo no sótão, subi lá na esperança de que veria algo, procurei por todos os lados e nada encontrei em meio aquela escuridão, vi uma caixa se mexendo, de súbito o coração começou a pular mas tentei me aproximar, foi então que ouvi um miado. Me aproximei para ver o que era e para o meu espanto era uma gata com três filhotes recém nascidos, a gata preta que me perseguira desde a casa velha.


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