Bruno Tolentino é daqueles poucos poetas que fazem o coração humano tocar em um ritmo diferente, o ritmo dado por ela na sua narração poética. Estamos entrando para o terceiro ano sem o escritor no terreno mas na literatura lá está ele eternizado em sua obra. Era uma pessoa controversa, causadora de burburinhos em entrevistas marcantes e personalidade forte. Não atoa muitas vezes foi alvo de críticos perniciosos porém seu trabalho brilhante marcou a volta do Brasil no cenário da escrita internacional pós década de 90.
Atualmente pouco se tem falado dele, mas sua obra vencedora do Prêmio Jabuti, não cala e continua falando aos corações. Alexandria pode ser qualquer lugar, qualquer coisa, poderia ser como Pasárgada, mas na obra de Tolentino é o lugar do amor e do ser, do espiritual e do físico. Onde o controverso se resolve numa tendência sinuante de traduzir o sentimento mais puro e terno, o amor.
Os sonetos são compostos de forma tradicional, sempre levando a reflexão profunda dos momentos e das ações humanas nos caminhos sinuosos de sua descoberta, de suas paixões e daquilo que pode ser impossível mas se torna possível quando a alma e o coração estão disponíveis para se encontrarem nessa ou na outra vida, poderia até ser em outra galaxia.
Em um de seus versos ele reflete que ao coração é perdoado qualquer ambiguidade, é verdade que quando trilhamos os caminhos de nossas vidas na construção de uma Alexandria promissora e verdadeira corremos o perigo de seguir caminhos diferentes, diverso daqueles que nos foi proposto ou que propomos, porém até se chegar a perfeição da construção sólida e verdadeira é preciso antes navegar, buscar.
Ainda que sugira-se que o tema central não seja o amor nem o tempo, eles são essenciais na descrição daquilo que é a “onipresença da morte”. Alexandria ainda é segundo a construção própria na obra de Tolentino o “terminal de todos os desencontros, lugar por excelência do não-lugar, por contê-los a todos e a lugar algum, Ocidente e Oriente, presente e passado, mito e memória” como bem descritos nas orelhas do livro.
A imitação do amanhecer é recomendável para todos que gostam de uma boa poesia, sem dúvida alguma é essa obra o ápice de um grande escritor, o momento em que se revela a criação e o criador em sinfonia.
* Critica feita para o site Rio&Cultura
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