Ifrit, O despertar do demônio
Jandeilson Bezerra
Entrei
no metrô direto para o prédio Vargas 2 que fica na Rua Presidente
Vargas, a estação é em frente ao meu trabalho e como sempre o
metrô estava lotado. Eu olhava de um lado para o outro, não sabia o
que fazer pois a todo momento vinham aquelas imagens do demônio em
minha mente. Algo parecia familiar em toda aquela situação, mas eu
ainda não sabia o que era, me esforcei ao máximo para lembrar o que
seria mas cada vez mais e mais imagens de um mundo desconhecido me
vinham na memória, pessoas sofrendo, corpos em chamas, demônios com
asas queimadas, era como se fosse uma batalha em pleno os céus onde
a todo momento homens com asas caiam em um mundo vermelho em chamas.
Que confusão está a minha mente, pensei, mas não dava para
organizar tudo aquilo eu sabia que algo havia acontecido e que esse
acontecimento estava mexendo no meu interior.
Cheguei
no meu destino, as ruas agitadas da Presidente Vargas, parei em
frente o semáforo, caminhando a passos lentos fui passando na faixa
até que em um dado momento o sinal fechou e continuei caminhando, as
pessoas gritavam meu nome e eu nada fiz, só continuei, quando dei
por mim um carro quase bate em outro em uma freada brusca para me
salvar.
Olhei
para os lados friamente e continuei minha caminhada foi quando o
sinal abriu e cheguei no meu destino, o meu trabalho. Fui direto para
o meu escritório, vozes de todas as partes vinham em minha mente,
vozes que se lamentavam, choravam, rangiam os dentes, ouvir aquilo me
dava um prazer sobrenatural. Imagens de um prédio em chamas iam e
vinham diante de meus olhos e tudo aquilo me dava uma sensação de
poder estranha, um poder que nunca senti.
Do
outro lado escutei o meu chefe me chamando, vou correndo para a sala
dele com o intuito de saber porque tanto ele gritava já que as
correspondências ainda nem haviam chegado. O meu chefe era daqueles
caras muito exigentes, por bobagem se irritava e provavelmente a
causa da irritação dele era atraso do carro com as
correspondências do dia.
Entre
xingamentos e palavreares, foi assim que cheguei no escritório dele.
A boca dele não parava de abrir e fechar, sentei na cadeira em
frente a mensa dele enquanto ele ia de um lado para o outro falando e
falando. Recolhi-me dentro do espaço da cadeira, meus pensamentos
começaram a se concentrar em outra coisa, nunca fui de desejar mal a
qualquer ser humano mas naquele momento me permiti, meus olhos
acompanhavam cada passo que ele dava indo e voltando por dentro do
escritório e imaginei meu chefe dentro do escritório em chamas ele
tentando sair mas não conseguia pois a porta estava fechada e as
chamas se alastravam de uma forma tão rápida que ele implorava para
alguém abrir a porta e não conseguia até que o fogo começara a
consumir o seu corpo parte por parte lentamente até que não
existisse mais qualquer parte de seu corpo livre das chamas.
Foi
sensacional pensar tudo aquilo, desejar estar presente e ver como
tudo aquilo poderia acontecer, mas não passava apenas de um desejo
de meu consciente algo que ficava apenas no campo das ideias.
Leia as demais parte do conto no link: http://eloletras.blogspot.com/2011/09/ifrit-o-despertar-do-demonio.html
Sai
do escritório e entrei no meu, quando cheguei lá todas as cartas já
haviam chegado e aquele era o momento de organizar tudo no carro e
sair distribuindo em cada um dos andares e departamentos daquele
prédio.
Cada
carta entregue, cada pessoa vista no corredor e cada sentimetro
andado eu imaginava em chamas, lamentos, medo e principalmente o medo
de todos aqueles encurralados no prédio em chamas sem terem para
onde correrem.
Aquele
eu até antes de ir à missa já fora deixado para trás, o que
estava ali no trabalho era um outro alguém, um novo alguém que
estava gostando de todas essas novidades, os ouvidos se abira mais
para ouvir os sons dos lamentos, a visão ficara mais límpida para
enxergar como seria o prazer de ver o sofrimento e assim estava sendo
desde a manhã.
Todas
as manhãs anteriores aquele dia era manhãs sem diversão, sem
alegria ou qualquer entusiasmo. Na empresa todos passavam por mim e
sequer me davam um bom dia, diariamente o meu chefe me sentava na
cadeira de seu escritório e ficava falando sobre sua raiva dos
pobres, daqueles que não faziam o trabalho direito. Todos riam de
mim, cochichavam pelos cantos a minha presença e me chamavam de o
entregador.
Desci
então até a área de segurança da vigilância do prédio, e como
sempre o local estava as moscas, foi ai que tive a ideia. Peguei uma
chave qualquer que trazia comigo coloquei na fechadura forçando a
chave quebrei-a, assim ninguém entraria naquele local. Fui subindo
andar por andar, um a um e prendendo as portas de saída de incêndio,
as vassouras presentes nos depósitos perto de cada porta onde estava
o material de limpeza serviram para me ajudar a prender cada porta
dos dezoito andares.
Fui
até a garagem e violei uma das entradas de gasolina de uma blazer
que estava estacionada ali, longe das câmeras de vigilância. Tirei
toda a gasolina e coloquei em um balde, fui até o décimo oitavo
andar e arrombei a entrada de ar-condicionado do prédio. Certa vez o
zelador havia comentado que era uma entrada única, na vertical e que
abastecia todos os andares, em alguns andares os canos do ar estavam
dispostos em zigue-zague para facilitar a circulação do ar, sem
pestanejar joguei todo o balde de gasolina na entrada do
ar-condicionado, o pouco que sobrou no balde espalhei por dentro no
banheiro do decimo oitavo e o papel higiênico fui espalhando por
cada cantinho do local.
Derrepente
fui cegando e não vi mais nada do que fazia, meu olhos vermelhos a
boca seca e o agir espontâneo de meu corpo ia caminhando por todos o
banheiro espalhando os papeis, na minha mente todo o passado de dias
a fio me dedicando pelo trabalho e não receber nenhum
reconhecimento, mas aquilo tudo iria acabar ali mesmo e naquele
momento.
Peguei
o isqueiro que sempre trazia no bolso, apesar de não fumar o
esqueiro sempre foi meu companheiro pois servia para me aproxima das
mulheres e ter um pouco de contato humano o que nem sempre funcionava
na minha solitária vida. O isquei, meu fiel companheiro, enfim
serviria para algo grandioso e glorioso e me renderia ótimos
momentos de prazer.
Os
vejo no inferno, pensei, e próximo ao condutor de ar do
ar-condicionado risquei o esqueiro e um pedaço de papel, enquanto o
fogo já se alastrava dentro do banheiro para o décimo oitavo, os
andares um a um seguiram de uma explosão enorme. Para finalizar me
dirigi até o sistema de gás e soltei a válvula do condutor ao que
instantaneamente explodiu. Nos andares do prédio todos corriam para
as portas de incêndio mas de nada adiantara, ficavam aos montes,
alguns morreram pisoteados enquanto outros ficavam tentando um modo
de soltar a porta e nada conseguiam.
Andar
por andar, um a um as chamas fora consumindo, muitos quebravam os
vidros das janelas e saltavam, morriam antes mesmo de chegarem ao
chão e outros ficaram calmamente aguardando o seu fim. E nos meus
ouvidos o coro dos gemidos e dores sofridos por aqueles malditos.
O
gás tomara de conta de todo o prédio e uma explosão enorme se fez,
o sétimo andar não suportou e foi todo abaixo levando consigo todos
os demais andares do prédio. Três mil quinhentos e trinta e um fora
o número dos que pagaram por todo o meu sofrimento.
O
Prédio
O
prédio Vargas 2 foi destruído em toda a sua estrutura por um modo
simples de arma, a astúcia humana. O despertar de um demônio
reencarnado é muitas vezes dolorido mas quando este desperta para a
sua missão a cumpre de um modo sinfônico que a própria natureza
contribui para que tal aconteça. Já no inferno Ifrit contara como
despertara para sua missão e de seu encontro com Azazel na Igreja em
plena a missa e os demônios se regojizavam com tal feito que
arrebatara milhares de pessoas para padecerem nas tormentas do
inferno.
Fim!
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