sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ifrit, O despertar do demônio - Parte Final - Jandeilson Bezerra


Ifrit, O despertar do demônio
Jandeilson Bezerra


Entrei no metrô direto para o prédio Vargas 2 que fica na Rua Presidente Vargas, a estação é em frente ao meu trabalho e como sempre o metrô estava lotado. Eu olhava de um lado para o outro, não sabia o que fazer pois a todo momento vinham aquelas imagens do demônio em minha mente. Algo parecia familiar em toda aquela situação, mas eu ainda não sabia o que era, me esforcei ao máximo para lembrar o que seria mas cada vez mais e mais imagens de um mundo desconhecido me vinham na memória, pessoas sofrendo, corpos em chamas, demônios com asas queimadas, era como se fosse uma batalha em pleno os céus onde a todo momento homens com asas caiam em um mundo vermelho em chamas. Que confusão está a minha mente, pensei, mas não dava para organizar tudo aquilo eu sabia que algo havia acontecido e que esse acontecimento estava mexendo no meu interior.

Cheguei no meu destino, as ruas agitadas da Presidente Vargas, parei em frente o semáforo, caminhando a passos lentos fui passando na faixa até que em um dado momento o sinal fechou e continuei caminhando, as pessoas gritavam meu nome e eu nada fiz, só continuei, quando dei por mim um carro quase bate em outro em uma freada brusca para me salvar.

Olhei para os lados friamente e continuei minha caminhada foi quando o sinal abriu e cheguei no meu destino, o meu trabalho. Fui direto para o meu escritório, vozes de todas as partes vinham em minha mente, vozes que se lamentavam, choravam, rangiam os dentes, ouvir aquilo me dava um prazer sobrenatural. Imagens de um prédio em chamas iam e vinham diante de meus olhos e tudo aquilo me dava uma sensação de poder estranha, um poder que nunca senti.

Do outro lado escutei o meu chefe me chamando, vou correndo para a sala dele com o intuito de saber porque tanto ele gritava já que as correspondências ainda nem haviam chegado. O meu chefe era daqueles caras muito exigentes, por bobagem se irritava e provavelmente a causa da irritação dele era atraso do carro com as correspondências do dia.

Entre xingamentos e palavreares, foi assim que cheguei no escritório dele. A boca dele não parava de abrir e fechar, sentei na cadeira em frente a mensa dele enquanto ele ia de um lado para o outro falando e falando. Recolhi-me dentro do espaço da cadeira, meus pensamentos começaram a se concentrar em outra coisa, nunca fui de desejar mal a qualquer ser humano mas naquele momento me permiti, meus olhos acompanhavam cada passo que ele dava indo e voltando por dentro do escritório e imaginei meu chefe dentro do escritório em chamas ele tentando sair mas não conseguia pois a porta estava fechada e as chamas se alastravam de uma forma tão rápida que ele implorava para alguém abrir a porta e não conseguia até que o fogo começara a consumir o seu corpo parte por parte lentamente até que não existisse mais qualquer parte de seu corpo livre das chamas.

Foi sensacional pensar tudo aquilo, desejar estar presente e ver como tudo aquilo poderia acontecer, mas não passava apenas de um desejo de meu consciente algo que ficava apenas no campo das ideias.


Sai do escritório e entrei no meu, quando cheguei lá todas as cartas já haviam chegado e aquele era o momento de organizar tudo no carro e sair distribuindo em cada um dos andares e departamentos daquele prédio.

Cada carta entregue, cada pessoa vista no corredor e cada sentimetro andado eu imaginava em chamas, lamentos, medo e principalmente o medo de todos aqueles encurralados no prédio em chamas sem terem para onde correrem.

Aquele eu até antes de ir à missa já fora deixado para trás, o que estava ali no trabalho era um outro alguém, um novo alguém que estava gostando de todas essas novidades, os ouvidos se abira mais para ouvir os sons dos lamentos, a visão ficara mais límpida para enxergar como seria o prazer de ver o sofrimento e assim estava sendo desde a manhã.

Todas as manhãs anteriores aquele dia era manhãs sem diversão, sem alegria ou qualquer entusiasmo. Na empresa todos passavam por mim e sequer me davam um bom dia, diariamente o meu chefe me sentava na cadeira de seu escritório e ficava falando sobre sua raiva dos pobres, daqueles que não faziam o trabalho direito. Todos riam de mim, cochichavam pelos cantos a minha presença e me chamavam de o entregador.

Desci então até a área de segurança da vigilância do prédio, e como sempre o local estava as moscas, foi ai que tive a ideia. Peguei uma chave qualquer que trazia comigo coloquei na fechadura forçando a chave quebrei-a, assim ninguém entraria naquele local. Fui subindo andar por andar, um a um e prendendo as portas de saída de incêndio, as vassouras presentes nos depósitos perto de cada porta onde estava o material de limpeza serviram para me ajudar a prender cada porta dos dezoito andares.

Fui até a garagem e violei uma das entradas de gasolina de uma blazer que estava estacionada ali, longe das câmeras de vigilância. Tirei toda a gasolina e coloquei em um balde, fui até o décimo oitavo andar e arrombei a entrada de ar-condicionado do prédio. Certa vez o zelador havia comentado que era uma entrada única, na vertical e que abastecia todos os andares, em alguns andares os canos do ar estavam dispostos em zigue-zague para facilitar a circulação do ar, sem pestanejar joguei todo o balde de gasolina na entrada do ar-condicionado, o pouco que sobrou no balde espalhei por dentro no banheiro do decimo oitavo e o papel higiênico fui espalhando por cada cantinho do local.

Derrepente fui cegando e não vi mais nada do que fazia, meu olhos vermelhos a boca seca e o agir espontâneo de meu corpo ia caminhando por todos o banheiro espalhando os papeis, na minha mente todo o passado de dias a fio me dedicando pelo trabalho e não receber nenhum reconhecimento, mas aquilo tudo iria acabar ali mesmo e naquele momento.

Peguei o isqueiro que sempre trazia no bolso, apesar de não fumar o esqueiro sempre foi meu companheiro pois servia para me aproxima das mulheres e ter um pouco de contato humano o que nem sempre funcionava na minha solitária vida. O isquei, meu fiel companheiro, enfim serviria para algo grandioso e glorioso e me renderia ótimos momentos de prazer.

Os vejo no inferno, pensei, e próximo ao condutor de ar do ar-condicionado risquei o esqueiro e um pedaço de papel, enquanto o fogo já se alastrava dentro do banheiro para o décimo oitavo, os andares um a um seguiram de uma explosão enorme. Para finalizar me dirigi até o sistema de gás e soltei a válvula do condutor ao que instantaneamente explodiu. Nos andares do prédio todos corriam para as portas de incêndio mas de nada adiantara, ficavam aos montes, alguns morreram pisoteados enquanto outros ficavam tentando um modo de soltar a porta e nada conseguiam.

Andar por andar, um a um as chamas fora consumindo, muitos quebravam os vidros das janelas e saltavam, morriam antes mesmo de chegarem ao chão e outros ficaram calmamente aguardando o seu fim. E nos meus ouvidos o coro dos gemidos e dores sofridos por aqueles malditos.

O gás tomara de conta de todo o prédio e uma explosão enorme se fez, o sétimo andar não suportou e foi todo abaixo levando consigo todos os demais andares do prédio. Três mil quinhentos e trinta e um fora o número dos que pagaram por todo o meu sofrimento.

O Prédio

O prédio Vargas 2 foi destruído em toda a sua estrutura por um modo simples de arma, a astúcia humana. O despertar de um demônio reencarnado é muitas vezes dolorido mas quando este desperta para a sua missão a cumpre de um modo sinfônico que a própria natureza contribui para que tal aconteça. Já no inferno Ifrit contara como despertara para sua missão e de seu encontro com Azazel na Igreja em plena a missa e os demônios se regojizavam com tal feito que arrebatara milhares de pessoas para padecerem nas tormentas do inferno.


Fim!

0 comentários:

Postar um comentário