Resenha: Solar da Fossa
Um território de liberdade, impertinências, ideais e ousadias
Por: Jandeilson Bezerra
Um mundo de artistas entre quatro paredes, diferentes gostos e personalidades divididos por alas onde a Zona Sul significa a Nobreza e a Lapa significava uma possibilidade de no futuro passar a algo melhor. Um casarão colonial com vários cômodos, o local havia sido sede da Chácara do Vigário Geral em Botafogo, acomodando artistas de todas as partes do Brasil, homens e mulheres com um único intuito o de crescer na vida.
Não se engane achando que isso é o resumo de um livro, bem na verdade é sim, mas não o resumo de uma história ficcional apesar de parecer ficção não se deixe enganar essa história é real e aconteceu nos anos 60 na cidade do Rio de Janeiro em um lugar "nostálgico", para os que viveram naquela época, chamado Sola da Fossa.
O Solar da Fossa, originalmente Pensão Santa Terezinha, como era conhecido o local que foi palco para o nascimento das mais diversas músicas e marchinhas que hoje compõem o repertório brasileiro, foi berço do Tropicalismo e também moradia de escritores, jornalistas, diretores e atores famosos. O solar da Fossa servia como um elo, uma casa de intercâmbio cultural, da troca de experiência e de novas experimentações culturais, musicais, literárias e de interpretação.
Lançado pela Editora Casa da Palavra, o livro Sola da Fossa narra de forma descontraída e em uma linguagem bem plural o cotidiano dos moradores do casarão que abrigava dentre eles até o jovem Cristóvão Buarque que mais tarde seria Governador do Rio de Janeiro e atualmente Senador. Todo o clima e também os personagens reais do livro parecem terem saído de algum filme, não dá para não imaginar por exemplo um fato ocorrido como narra o livro em que uma mulher pelada sobre em uma árvore e fica lá por horas, e tantos outros eventos que ocorreram no local.
Moraram no Solar Caetano Veloso, Gal Costa e Paulo Coelho, Paulo Leminski, Maria Gladys e Paulinho da Viola, Tim Maia, Betty Faria, Antonio Pitanga e tantos outros que encontram no local um refúgio para a sua independência.
Foi no Solar que Caetano compôs "Paisagem útil" e "Alegria, Alegria". Mas nem só de artistas era feito a Pensão de Dona Jurema, lá também moravam travestis, cabeleireiros, estudantes de Direito, futuros políticos. O local era eclético, foi precursor dos apart-hotéis, dispunha de empregadas que diariamente faziam o serviço de quarto.
O livro inscrito por Toninho Vaz, que também foi morador do Solar da Fossa, tem prefácio de Ruy Castro que brilhantemente dá seu testemunho sobre o local, é uma ótima leitura não por se tratar apenas de um registro da época mas por tratar com vivacidade um momento vivido pela juventude de 60 tão diferente da nossa, a juventude de antes tinha um ideal e também um objetivo que hoje são pouco cultivados.
Leia um capitulo do livro: http://www.casadapalavra.com.br/_img/pdf/423/1.pdf
Recomendo a leitura e se você tiver algum depoimento ou mesmo um comentário não excite em deixa-lo nas linhas abaixo.
Detalhes do Livro:
Sinopse
“Para melhor entender e apreciar o fenômeno da contracultura brasileira, o Solar da Fossa deveria ir para a lâmina do microscópio.” Essa tarefa foi brilhantemente cumprida pelo autor deste livro, Toninho Vaz, escritor, jornalista e ele próprio uma das figuras que contribuíram para a consolidação da imagem do Solar como símbolo da vanguarda e da efervescência cultural e política dos anos 1960.
A pensão de 85 apartamentos localizada em Botafogo, no Rio de Janeiro, foi o endereço e o abrigo de poetas, compositores, jornalistas, artistas plásticos – loucos, cabeludos e “desbundados” que vinham de todos os cantos do país e encontravam ali o jardim ideal para plantar suas “folhas de sonho” e materializar verdadeiras obras de arte. O local, que hoje é ocupado por um dos maiores shopping centers da cidade, foi a sede de um verdadeiro caldeirão cultural e o cenário de inúmeras histórias engraçadas, românticas e muito polêmicas.
Mais de quarenta anos depois, Toninho oferece nestas páginas imagens inéditas e relatos de
personalidades como Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gal Costa, Paulo Coelho, José Wilker, Tim Maia, Betty Faria, entre outras, que divertem o leitor ao mesmo tempo em que resgatam a memória de um dos períodos mais ricos da história do Brasil.
O prefácio do livro foi escrito pelo autor e jornalista Ruy Castro, também antigo morador do Solar da Fossa. Segundo ele, o casarão colonial de dois andares “serviu de incubadora de talentos, ideias e ousadias e mudou para sempre os rumos da cultura brasileira”.
Ficha Tecnica:
Solar da Fossa
Um território de liberdade, impertinências, ideais e ousadias
Toninho Vaz 16 x 23 256 páginas ISBN: 9788577341917 R$39,90
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