quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

EXCLUSIVA Entrevista com Editor da Ed. Estronho, M.D.Amado

Quero lhes trazer hoje uma ótima entrevista com o editor da Ed.Estronho, que já está no mercado a um ano, é uma editora nova mas responsável por lançar escritores em início de carreira que estão fazendo grandes sucessos.

A proposta da Editora Estronho, dirigida por Marcelo Amado, é inovadora, eles fazem capas muito bem trabalhadas e a maioria de seus livros contém ilustrações, isso sem falar nos botons exclusivos e marcadores colecionáveis, também trabalham muito com antologias dando oportunidades a escritores em início de carreira, alguns desses escritores já são aproveitados na editora mesmo lançando livros solos.

A entrevista a seguir faz uma análise não só do momento atual da Editora mas também do atual mercado editorial, da aceitação do público aos novos escritores e também do momento literário no Brasil.

2012 será um ano cheio para essa editora que vem se destacando no mercado por livros nas áreas de terror, fantasia, ficção e agora também livros como teses, infantis (selo Fantas) e outros.

Veja uma lista de novidades e lançamentos, alguns agendados e outros ainda sem data definida aqui no link: http://editora.estronho.com.br/index.php/noticias-e-notas/451-2012-pra-la-de-estronho

Acompanhe a entrevista e nao deixe de dar sua opinião.


Elo das Letras - A Editora Estronho é uma editora que tem o foco principal na Literatura Fantástica, terminando 2011 com 16 títulos lançados, entre eles antologias que visam revelar autores iniciantes e dar destaque para aqueles que já foram publicados, qual a avaliação que você faz sobre a Literatura Fantástica escrita por brasileiros na atualidade? O publico recebe bem esse tipo de literatura ou ainda é preconceituoso?

M.D. Amado -   Como em qualquer outro gênero existem textos excelentes e do outro lado textos medíocres, mas é bom ver que a quantidade de textos bons, muito bons e excelentes é bem maior. Infelizmente apenas alguns autores acabam ganhando destaque nas grandes editoras, e cá para nós, algumas vezes sem tanto merecimento assim. Alguns livros "da moda" nem são assim tão bons, mas enfim... Existem sim, muitos autores com criatividade e talento que ainda não tiveram a oportunidade de mostrar seu trabalho. A Estronho tenta abrir as portas e ajudar alguns desses autores. Não é uma tarefa muito fácil na verdade, justamente porque, respondendo a segunda pergunta, sim... ainda existe muito preconceito por parte do público em relação a autores nacionais. E principalmente em relação a antologias de contos. São poucos os leitores que experimentam esse tipo de literatura. A grande maioria que experimenta continua a ler, pois em um único livro você pode viajar por vários mundos e histórias diferentes. Uma leitura rápida que não precisa ser interrompida no meio. De casa pro trabalho ou no intervalo dos estudos e pronto... você já fez mais uma viagem pelas letras. Um outro ponto interessante que vi outro dia é que alguns autores não colaboram também para que as coisas mudem. Têm aqueles que só querem saber das suas escritas. Dizem apoiar a literatura nacional, mas na verdade compram na maioria das vezes apenas autores de fora. É óbvio que não devemos comprar livros de autores nacionais apenas por "patriotismo". O livro tem que ser bom... ÓBVIO! E estou dizendo dessa forma, porque infelizmente ainda vemos alguns autores e leitores que distorcem o sentido das campanhas que alguns blogs e editoras fazem para que possamos ler mais autores nacionais. Eles dizem "Não quero que comprem meu livro porque sou brasileiro. Quero que comprem porque sou bom e estou cansado dessa coisa de 'leia autores nacionais'". Ora essa... A questão é que se você não incentiva a procura por autores nacionais, como diabos os leitores saberão se existem livros bons de autores brasileiros? O preconceito existe. A realidade nas vendas das editoras que REALMENTE apoiam a literatura fantástica é bem diferente do quadro que essas pessoas enxergam. Tem coisa ruim? Sim... Claro. E de gente famosa inclusive. Mas também tem muita porcaria estrangeira que as pessoas preferem comprar porque fizeram sucesso lá fora. Preferem ir na onda, do que experimentar e ter opinião própria. E por isso é necessário insistir que leiam mais autores nacionais. Quem for bom, fica no mercado e não precisa ter medo. O que não da é pra ficar esperando que você vire um best seller da noite pro dia sem começar por baixo. É possível? Sim... mas não é todo dia que surgem talentos ajudados pela mídia. Os leitores precisam dar um crédito aos autores nacionais e os escritores metidos e orgulhosos precisam baixar a bola um pouquinho.



Elo das Letras - A editora tem um ano de existência, esse primeiro ano serviu como base para se consolidar. Como está sendo essa experiência?

M.D. Amado -    Sem dúvida um aprendizado muito grande a cada trabalho publicado. Erramos algumas vezes, mas soubemos tirar lições importantes de cada erro. Vimos que a pressa pode estragar o brilho de obras bacanas. Publicamos coisas que talvez hoje não publicaríamos, ou exigiríamos mudanças consideráveis para que fossem para o papel. Mas também nos surpreendemos com projetos que não dávamos tanto crédito e que acabaram caindo no gosto dos leitores e tiveram excelentes resultados. Aprendemos também que nem sempre autores que já estão trilhando seu caminho com livros já publicados darão ao trabalho feito em nossa editora pequena, a mesma importância que dão a trabalhos feitos em editoras grandes. Em contrapartida, existem autores - experientes ou nao - que vestem a camisa da editora, mesmo sendo autores de outras editoras. Alguns inclusive apoiam e trabalham na divulgação de projetos em que eles nem participam. São pessoas que esperamos ter sempre por perto, crescendo conosco. E também temos o retorno do público, que tem nos ajudado no crescimento e amadurecimento da editora. Pesando tudo na balança, o lado positivo dessa experiência tem sido maior e muito gratificante.



Elo das Letras - Esse ano a Estronho vai se aventurar publicando livros de não ficção, incluindo entre eles um livro com dicas para escritores iniciantes, um outro sobre a história do blues e suas influências na música brasileira, e um com uma tendência acadêmica que seria um estudo sobre a história do terro na literatura. Isso influenciará na identidade da editora ou essa não será uma tendência e sim uma experiência? O que a editora espera com essa nova experiência?

M.D. Amado -    Não vejo isso como algo que poderá influenciar ou não, na identidade da Estronho. Pelo contrário... Acho que isso já faz parte da editora. A proposta da Estronho sempre foi de dar chance a novos autores nacionais, seja de que gênero for. É sempre bom lembrar que a Editora Estronho nasceu do site de entretenimento Estronho e Esquésito e seguir padrões ou regras nunca foi algo bem visto no site. Na editora não vai ser diferente. Ao contrário do que manda a atual cartilha das editoras, não publicamos apenas aquilo que acreditamos nos dar um excelente retorno financeiro. Claro que se ele vier, será muito bem-vindo, afinal precisamos nos manter. Porém, o principal na Estronho é publicar projetos diferentes, originais e também aqueles que não são assim tão surpreendentes, mas que nós gostamos. Que acreditamos, literariamente falando e não financeiramente falando. O que esperamos com essa experiência? O mesmo que esperamos da literatura fantástica, da juvenil, da infantil. Publicar bons livros com conteúdo, visual e criatividade. Seguindo o lema que foi presente do Rober Pinheiro: Editora Estronho... tudo, até literatura!




Elo das Letras - Mais algum livro de não ficção serão publicados pela editora? Poderia nos adiantar algo?

M.D. Amado -    Sim. Estamos analisando pelo menos cinco originais de livros de não-ficção, mas ainda não podemos adiantar nada. A única pista que posso dar é que talvez passearemos pelo mundo do cinema, dos mangás e das biografias.



Elo das Letras - A Editora através do selo Fantas está com um projeto voltado para a Literatura Infantil, como surgiu esse projeto?

M.D. Amado -    De um projeto da Celly Borges. Um blog chamado Mundo Fantástico de Cor, onde autores de literatura fantástica escrevem contos infantis. Vamos iniciar com alguns dos contos publicados no blog e convidaremos outros autores. Por enquanto as ilustrações ficam a cargo da Carolina Mancini, que além de escrever ótimas histórias, desenha muito bem e tem um traço que casou certinho com o projeto. Ela inclusive participará com um volume em que além de ilustrar, também será responsável pelo texto. E esse projeto vai nos dar a chance de realizarmos um sonho nosso (meu e de Celly Borges), que é de destinar parte dos exemplares impressos para bibliotecas, creches e crianças de baixa renda.



Elo das Letras - Dentro dessas novas experiências da Editora Estronho, estão pensando em algo no sentido de E-books?

M.D.Amado - Sim, devemos fazer uma experiência ainda no primeiro semestre de 2012 com o meu livro solo "Aos olhos da morte" numa edição diferente da que saiu em papel e também com algumas antologias. Ainda estamos estudando a melhor forma de fazer isso, mas já é certo que o objetivo principal é baixar consideravelmente o preço final e não apenas dizer que temos publicações eletrônicas e colocarmos um preço próximo das edições de papel.



Elo das Letras - Quais são suas perspectivas para a editora esse ano de 2012? O que o leitor pode esperar?

M.D.Amado -    Perspectivas de muita ralação (risos)... Muitos projetos já anunciados e outros que ainda estamos negociando. Também está em vista a ampliação dos pontos de venda físicos que já estão sendo negociados em várias partes do Brasil. Em relação aos projetos, fica mais fácil visitar o site (www.editora.estronho.com.br) e procurar lá o tópico "2012 pra lá de Estronho", onde relacionamos os projetos que já estão confirmados. E também tentaremos aumentar o número de eventos com o Estronhomóvel em parceria com outras editoras. Duas delas já confirmaram o apoio. Estamos aguardando a resposta de mais algumas.



Elo das Letras - Com o mercado editorial tão competitivo, o que a Editora faz para se destacar e conquistar os leitores?

M.D.Amado -   A competição existe e só quem é muito ingênuo para dizer o contrário, mas não pensamos por esse lado da disputa. Procuramos fazer a nossa parte, do nosso jeito, publicando aquilo em que acreditamos. Trabalhamos nossos livros com diagramação diferenciada, material diferente, sempre experimentando coisas novas e consciência ecológica na medida do possível e sem exageros (e quem achar isso brega ou ridículo, que vá passear, empilhar coquinhos na descida, plantar batatas ou o que mais quiser fazer). A conquista de novos leitores vem com o tempo. Ainda somos muito novos no mercado para querermos parecer revolucionários ou algo assim. Aliás, preferimos seguir tranquilos e no nosso ritmo, fazendo parcerias com editoras sérias e que têm um perfil parecido com o nosso.




Elo das Letras - Obrigado mais uma vez pela entrevista.

M.D.Amado  -  Eu que agradeço pela oportunidade e pelo espaço aberto para a Editora. Um grande abraço horripilante!

1 comentários:

  1. Bacana, também agradeço o espaço, a oportunidade de explicar um pouco mais aos leitores do Elo das Letras e da Editora Estronho como funciona tudo. =)

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